O sistema informático que serve a organização dos Jogos Olímpicos da Coreia do Sul foi alvo de um ataque informático poucas horas antes de a cerimónia de abertura e que se prolongou durante 12 horas. O site oficial do evento ficou em baixo, impossibilitando a compra e o levantamento de bilhetes, a rede de internet no Estádio Olímpico esteve inacessível e até as televisões do centro de imprensa deixaram de funcionar, reforçando os rumores de que houve mão russa no ataque. A organização não comenta.
A tese que correu com mais força em Pyeonchang nos últimos dias é a de que o ataque da última sexta-feira, em cima do arranque dos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, partiu de Moscovo. Seria uma vingança pelo facto de o comité olímpico russo ter sido penalizado depois do escândalo de doping do jogos de Sochi, em 2014, e que impediu os atletas do país de competir sob a sua bandeira.
A organização dos jogos de Pyeongchang confirma o episódio, mas não vai mais longe. “Houve um ciberataque, o servidor foi atualizado ontem [sábado] durante o dia e sabemos qual a causa do problema”, disse o porta-voz do evento. Sung Baik-you recusou, no entanto, ser mais concreto. “Eles [os responsáveis técnicos] sabem o que aconteceu e isto é uma situação habitual durante os Jogos Olímpicos” mas “não vamos revelar a origem” do ataque. Baik-you remeteu mais dados para o momento em que a investigação estiver concluída. “Nao vos daríamows detlhares sobre uma investigação antes de ela estar concluída, particularmente tratando-se de questões de segurança que, nestes jogos, são incrivelmente importantes”, concluiu.
A fragilidade no sistema dos Jogos Olímpicos foi, entretanto, revista. Mas as consequências podem fazer sentir-se ainda durante o evento. O The Guardian escrevia este domingo que, a provar-se a intervenção de Moscovo no ataque, o Comité Olímpico Internacional poderá reverter a sua posição de levantar a suspensão à Rússia, mantendo a proibição de os atletas russos desfilar sobre a sua bandeira nacional na cerimónia de encerramento. Devido aos incidentes de Sochi, a comitiva russa compete com uma bandeira neutra.
Os atletas russos chegaram a estar impedidos de participar na competição e só em cima do evento — já no início de fevereiro — o Tribunal Arbitral do Desporto deu luz verde para a sua participação. Um grupo de 28 atletas ficou então a saber que o tribunal não tinha encontrado provas suficientes para impedir que competissem no maior evento desportivo do mundo. O que não significa que não tenha havido violações. Houve, mas “a proibição vital”, isto é, o afastamento da competição, “não se justificava”.