Este artigo foi publicado originalmente a 8/8/2014 e republicado a 25/5/2016 quando foi atribuída a primeira licença para apostas desportivas na internet.
Da janela da sala da casa de André Coimbra, vê-se o Tejo. Da cidade, nada fica. Como se Lisboa não fosse Lisboa e a ponte Vasco da Gama se impusesse num cenário que tem tanto de pacífico como de libertador. Katerina Malasidou, a noiva de nacionalidade grega, gostava de ter uma varanda maior. Duas cadeiras e uma mesa pequena ocupam o pequeno retângulo onde podem apreciar a vista da casa que escolheram no décimo andar. Na Grécia, as varandas são todas muito grandes, explicam.
André Coimbra e Katerina Malasidou jogam póquer. Estudam póquer. Vivem do póquer. Quando, em 2010, alugaram a casa onde moram juntos, André preferiu não dizer ao senhorio qual era a sua profissão. Alternativa: tinha acabado o curso e andava à procura de emprego. Ao Observador, contou que não revelou que era jogador profissional porque achava que poderia existir preconceito e que isso não traria nada de positivo. “Estava errado”, revela, do alto dos seus 1, 87 metros.
Pouco tempo depois, o único jogador português patrocinado pela sala de jogos online PokerStars participou num torneio ao vivo, em Vilamoura, e recebeu uma mensagem do senhorio a felicitá-lo pela performance. “Disse que era uma pena ter perdido, porque estava a ser uma boa participação”, explica. Nota: o senhorio jogava póquer e estava a seguir o torneio pela televisão.
André tem 28 anos e é jogador profissional de póquer há seis. Decidiu viver do jogo depois de ter terminado a licenciatura em Ciência de Computadores, pela Universidade do Porto. Queria experimentar durante um ano. Nunca mais parou. O que tinha começado por ser uma curiosidade em 2005 acabou por se tornar no ganha-pão do jovem natural de Coimbra. A decisão, em 2008, não espantou a família: André já tinha experiência internacional como jogador profissional de “Magic: The Gathering”, um jogo de estratégia, em que cada jogador pode adquirir vários baralhos e cartas para compor uma espécie de exército. Foi através do Magic que André conheceu Katerine, em Atenas, em 2006. Para o ano, há casamento.
“No último ano do curso, sentia-me um bocado preso, porque não podia jogar oito horas por dia. Jogava quatro ou cinco, mas era difícil jogar mais e achava que se tivesse possibilidade de jogar a tempo inteiro, ia ganhar substancialmente mais”, conta. Já nesse ano, André ajudou a pagar as propinas com o dinheiro do jogo. Do curso, ficou a aprendizagem: não ficar preso a determinada linguagem e aprender novas quando é preciso. “No póquer, as outras pessoas estão a melhorar ao mesmo tempo do que nós e se nós não melhorarmos mais do que elas, ficamos para trás. Não basta ser ok, é preciso ser melhor do que os outros”, revela. Como ser melhor? Com estudo.
André Coimbra é patrocinado pela sala que organiza o maior torneio semanal de póquer online, o Sunday Million e pelo World Championship of Online Poker (WCOOP), a PokerStars. O convite para representar Portugal na equipa online surgiu em 2009 e trouxe vantagens ao jogador, como as entradas para torneios, por exemplo. O escritório onde trabalha, em casa, tem as paredes compostas com fórmulas. São cálculos, explica. Tabelas em código, para quem chega, olha e não percebe.
Três ecrãs de computador numa secretária vizinha com a da concorrente e namorada, Katerina. Diz que, para jogar, ouve música pop, para estudar, prefere Mozart, e para esquecer o póquer, vê o canal de entretenimento E!. Nas paredes, cábulas, para as situações mais comuns. “Tento estudar as situações que acho que podem vir a acontecer e onde tive dúvidas”, diz. Exemplo: “Há um jogador que mete as fichas todas e vai a all in. O que é eu faço com uma mão que tem um Ás e um cinco? Se eu vir que é rentável ir com essa mão, escrevo que é rentável e se voltar a ter dúvidas, já sei. Não tenho de estudar outra vez”, conta. Na parede, tem um conjunto de mãos para cada situação e recorre a vários softwares para efetuar os cálculos. “Se uma pessoa quiser estudar póquer, é infinito”, diz.
André Coimbra especializou-se em torneios de poucos jogadores, seis. Assim, num torneio em que paga 700 dólares para entrar, pode ganhar 2100 dólares. A opção foi justificada com a “flexibilidade de horário”. “É muito mais fácil juntar seis pessoas do que mil e consigo fazer um horário muito mais flexível”, conta o jogador que não gosta de estar 12 ou 14 horas seguidas em frente ao computador. Primeiro prémio elevado que conquistou: 13 mil dólares, num torneio em que pagou 11 para entrar. Começou às 3h00 da manhã e acabou às 11 horas. O que fez? Gastou uma percentagem “muito pequena” desse dinheiro e o restante investiu no póquer.
“A minha primeira preocupação foi: como é que eu faço para continuar a ganhar dinheiro de forma consistente e estável? Foi aí que comecei a aprender a jogar os torneios com poucas mesas, em que se ganha um bocadinho de cada vez, mas mais consistentemente”, conta. Las Vegas, 2010. Cerca de 43 mil dólares, o prémio mais elevado que André recebeu até à data. Ocasião: um campeonato do mundo naquela que é considerada a “meca dos jogadores”. Ficou entre os primeiros 500 do torneio. “Meti o dinheiro a render no banco”, revela.
O jogador que doou tudo o que ganhou a uma instituição
André Coimbra costuma acordar por volta das 10 horas, “o que para jogador de póquer é cedo”, conta. Acaba de jogar por volta das 22 horas. Conta que é importante estar sempre a aprender, que é um jogo que se baseia no mérito e que é fundamental pensar a médio e longo prazo. “Se uma pessoa quiser jogar profissionalmente, não pode ter só um mês de despesas à parte, têm de ter pelo menos seis meses. Idealmente, um ano. É perfeitamente normal ter um mês ou dois em que perco dinheiro”, afirma.
André considera ser importante fazer uma “gestão de banca”. E explica: “Quem tiver 100 euros, não deve jogar um torneio de 100 euros. Costumo recomendar não meter mais do que 1% [do depósito de banca] em cada torneio. Talvez 0,5% se a pessoa quiser ser conservadora”, diz. No início de 2013, desafiou-se. Estava aborrecido com o jogo que tinha feito em 2012 e resolveu começar o ano apenas com 100 dólares na conta. Objetivo: chegar aos 100 mil dólares num formato novo, torneios grandes, com milhares de jogadores.
Motor de arranque, uma causa: doar todo o dinheiro que ganhasse a uma instituição. No final do ano, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDFM) de Figueira de Lorvão recebeu mais de 50 mil euros para a compra de uma carrinha. “Sabe melhor trabalhar quando é para ajudar outras pessoas do que quando é para nós próprios, embora não seja fácil estar a trabalhar sem ganhar dinheiro”, conta.
Foi um ano zero. Zero de rendimentos. Como viveu? Com o dinheiro do patrocínio, com a redução das despesas em cerca de 50 ou 60% e com o dinheiro que obteve de outros investimentos que fez com o dinheiro do póquer, em imobiliário. André aluga casas a estudantes e é isto que declara quando preenche a declaração de IRS. Quanto ao póquer, existe um vazio fiscal. “Neste momento, não é possível declarar o dinheiro do póquer”, conta. Aos cofres do Estado, não chegam os lucros de André.
A 25 de julho, a Assembleia da República aprovou o regime do jogo online com os votos favoráveis do PSD e do CDS-PP. A medida prevê um “regime aberto, por licença, sem concessão de exclusivos” para estes jogos e introduz outras alterações. No caso dos jogos de fortuna ou azar, em que se inclui o póquer, passa a haver uma tributação da receita bruta, a 15%. Se a receita bruta anual for superior a cinco milhões de euros, fica sujeita a uma taxa que tem uma fórmula específica, que não pode exceder 30%.
A 14 de julho, a Comissão Europeia também apresentou uma recomendação para legislar o jogo e apostas online. Objetivo: proteger os jogadores e menores de fenómenos como a fraude e a dependência. Dentro de 18 meses, a comissão vai analisar as leis criadas nos diversos países para decidir o que fazer a seguir.
Sobre a nova regulamentação portuguesa, André Coimbra diz que vai ser positiva para os jogadores e sociedade. “Vai ser bom para as pessoas se sentirem mais seguras em relação ao que estão a fazer”, revela. Mas, para que o jogador de póquer possa ser aceite como profissional, teria de se tirar o póquer da classificação dos jogos de fortuna ou azar, afirma. Enquanto isso não acontecer, a profissão não existe.
Quando o Observador lhe pergunta se o vício representa um risco ou um perigo, a resposta interrompe o breve silêncio que invadiu a sala: “Como é que se sabe isso no sexo? Quando é que é demais?”, riu, explicando que para os jogadores recreativos, jogar póquer é entretenimento. Como ir ao cinema.
A nova regulamentação tem gerado queixas por parte dos agentes do setor, com destaque para o mercado das apostas online. Em causa, está a tributação a aplicar no mercado. Em 2013, o jogo online representou mais de 13% do total do mercado do jogo, com receitas que rondaram os 10,9 mil milhões de dólares, de acordo com os dados da Associação Europeia do Jogo e Apostas (EGBA). Os jogos de póquer e de casino representaram 20% da quota de mercado.
Afonso tem uma equipa de 18 jogadores, a ICM Team
“O problema com a regulamentação é que existe o perigo de o mercado fechar em Portugal e a PokerStars.com passar a PokerStars,pt, como aconteceu em Espanha, Itália e França”, conta Afonso Ferro, 22 anos, natural de Lisboa. Jogador profissional, começou a levar o póquer a sério em 2010, mas não foi uma estreia na família. O irmão mais velho, 25 anos, foi campeão nacional e chegou a interromper os estudos para se dedicar em exclusivo ao jogo. Foi com esse dinheiro que saiu de casa dos pais.
Afonso está no último ano da licenciatura em Gestão, na Universidade Lusíada. Diz que quer acabar o curso porque quer ter algo “acessório”. “Se o mercado fechar e eu não tiver curso nenhum, vou ter de ir para fora”, conta. A justificação está no facto de não existirem jogadores suficientes em Portugal para suportar o mercado do póquer. Uma vez fechado, os jogadores portugueses só podem jogar em Portugal. “Os meus amigos dizem todos que, se o mercado fechar, vamos embora. Para Malta, por exemplo”, conta.
Afonso Ferro joga, estuda e dá aulas de póquer pelo Skype. Cobra cerca de 110 dólares por aula. Revê jogadas e todos os dias, no final da sessão, dedica duas horas e meia a analisar “mãos”. “Estou sempre a discutir com os meus colegas, jogadores melhores do que eu. Estamos em constante evolução, porque o jogo está constantemente a mudar. Um erro de muitos jogadores é acharem que já chegaram ao ponto certo de ganharem e não quererem evoluir mais”, conta. Evolução, palavra de ordem quando a conversa é jogo. Afonso diz que, em seis meses, a sua foi “exponencial”. E tem um investidor que lhe paga as entradas nos torneios. Quando ganha, os lucros são divididos.
“Houve um investidor que viu o meu gráfico [de resultados] e achou que era bom jogador. Investiu em mim para jogar MTT [Multi Table Tournament], torneios que dão mais dinheiro, mas que também demoram muito mais tempo”, conta. Entretanto, trocou de investidor e agora joga torneios com entradas até 500 dólares. Quando o Observador chegou a casa dos pais de Afonso Ferro, que ainda não deixou o “conforto” de morar com a família, estava prestes a recomeçar o torneio que tinha aberto no dia anterior, com mais de sete mil jogadores.
Eram 18h30, em Lisboa. No quarto de Afonso, dois ecrãs e várias mesas de póquer. Diz que costuma jogar em cerca de 35 mesas ao mesmo tempo e que um dia em que faça seis mil dólares de lucro é um dia bom, independentemente do dinheiro que deu para entrar no torneio.
Como escolhe os torneios em que joga? Pelo valor que têm. “Quando têm muita gente, vão ter necessariamente mais jogadores recreativos, os patos, os peixes, aqueles que basicamente nos alimentam. O póquer vive dos maus jogadores”, diz. O torneio em que ganhou mais dinheiro deu-lhe um prémio de 14 mil dólares. Tinha pago 55 para entrar.
Com um amigo jogador de póquer, lançou uma “empresa”. O termo é figurado, serve para designar uma sociedade na qual investem em 18 jogadores, a equipa de póquer ICM Team. Aos dois jogadores, juntou-se um terceiro que comprou 33% da sociedade. Com o novo investimento, puderam alargar o número de jogadores que apoiam.
“Se forem cinco ou seis jogadores, a probabilidade de perdermos é maior, porque os cinco podem estar a perder. Se forem 18, há uns que equilibram os outros. Podemos ter nove a perder e nove a ganhar, mas os nove que estão a ganhar compensam os que estão a perder”, explica. Para entrar na ICM Team, existem duas fases de seleção. Primeiro, os jogadores enviam a sua candidatura, com os gráficos de resultados. Apurados aqueles que passam à fase seguinte, há um questionário com cerca de 50 perguntas. Se 35 estiverem certas, o jogador ganha o passe para entrar na equipa de Afonso.
Objetivo para o final do ano: chegar aos 100 mil euros de lucro. No final de julho, Afonso vai sensivelmente a meio da meta, revela. Sobre o estigma associado ao póquer, diz que as pessoas ainda têm a visão de um póquer ligado à perda de fortunas. “É aquela ideia de as pessoas chegarem a casa e dizerem que perderam tudo. As pessoas dizem: ‘o Afonso jogou um torneio de sete mil dólares, está louco, vai estragar a vida dele’. As pessoas não percebem. Eu odeio jogos de casino: jogos de roleta, black jack, máquinas. Qual é o interesse de carregar num botãozinho e ver se sai um prémio? O póquer é um jogo de estratégia, não há a mínima dúvida disso”, revela.
Aos 22 anos, os planos que Afonso traçou para o futuro passam por fazer evoluir a equipa e os jogadores, ganhar mais dinheiro e progredir no jogo. Fala da estabilidade emocional que é preciso ter para jogar póquer e do trabalho que está por detrás. “Estou constantemente a estudar o jogo, revejo todas as mãos que perdi, em que tive dúvidas. Uma pessoa que queira jogar póquer, precisa de muitos anos de trabalho”, afirma.
Ricardo, quando as emoções entram nas probabilidades
Emoções estáveis. Saber perder. Saber ganhar. O livro “Mental Game of Poker” foi o que mais marcou Ricardo Ribeiro, 23 anos, jogador profissional de póquer desde janeiro de 2014. “Há alturas em que a parte emocional é mais importante do que tudo o resto e é bastante importante saber lidar com ela se não tivermos alguma estrutura”, conta o jovem algarvio. Quase a terminar a licenciatura em Gestão no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), decidiu deixar os estudos para viver do póquer, o jogo que lhe foi apresentado pelos amigos quando completou 19 anos.
“Gostei do jogo e comecei a perceber que, na verdade, não tinha assim tanto de sorte quanto isso e houve ali qualquer coisa que me puxou para aprender mais”, conta. Começou a ver vídeos de torneios, registou-se no site da PokerStars e começou a jogar torneios gratuitos, até que ganhou um de 10 dólares. “Com esses 10 dólares, fui brincando” revela. Nunca chegou a investir mais dinheiro no póquer. Jogou sempre com o lucro.
Ricardo Ribeiro jogou ténis de mesa durante vários anos. Quando deixou Vila Real de Santo António, no Algarve, para estudar em Lisboa, decidiu deixar o ténis de lado. O póquer funcionou como substituto, conta ao Observador no quarto em que se dedica à nova profissão, na casa alugada que divide com a irmã. Em 2012, fez Erasmus na República Checa, dedicou o tempo que tinha livre a estudar o jogo e inscreveu-se numa escola de póquer online internacional.
“Isto é um jogo de probabilidades e, mesmo que elas estejam a nosso favor, aquilo que nos dizem é que nós podemos ganhar 70% das vezes e o adversário 30%. O problema é que há alturas em que os 30% dos adversários acontecem no mesmo dia, de uma só vez. E embora nós saibamos que dali a mil jogadas iguais àquela, nós vamos ganhar dinheiro, a verdade é que naquele período de tempo estamos a perder, mesmo que estejamos a jogar bem. Essa parte é bastante complicada de lidar, se não estivermos habituados”, revela.
A viragem na vida de Ricardo deu-se em janeiro. O estudante de Gestão tinha-se candidatado a duas vagas para professor assistente no ISCAL e o resultado acabaria por influenciar o seu caminho para o futuro. “Aconteceu numa altura em que tinha decidido que, se fosse aceite na vaga, iria dedicar-me exclusivamente à escola e só iria jogar póquer uma vez por semana, para me divertir”, conta.
Entre 30 alunos, Ricardo Ribeiro ficou em terceiro. As vagas eram apenas duas. O jovem algarvio refere que na altura lhe pareceu um “sinal”. “A verdade é que dois dias dias depois tive o meu maior prémio até àquele dia, 12 mil dólares”, lembra. Entretanto, a fasquia subiu. O maior prémio que Ricardo recebeu num só jogo foi de cerca de 17 mil dólares.
Ricardo Ribeiro desistiu da licenciatura quando lhe faltavam três cadeiras para acabar o curso e começou a dedicar-se em exclusivo ao póquer. Joga cinco dias por semana e folga à sexta e sábado. Costuma começar a trabalhar por volta das 16 horas e termina de madrugada, dependendo de como corre o dia. De manhã, gosta de fazer desporto e há sempre um dia em que se dedica ao estudo. Entretanto, também é professor, mas de póquer. Uma aula com Ricardo Ribeiro custa cerca de 35 dólares.
Existem duas pessoas que investem no jogador algarvio, que desde o início de 2014 já lucrou cerca de 50 mil dólares. Com os rendimentos que obtém do póquer, investe noutros jogadores e em aplicações financeiras. Mas não é extravagante, conta. “Dou bastante valor ao dinheiro. Acho que para além de ir jantar fora com a minha namorada ou ir passar um fim-de-semana fora, não faço nada de extravagante. A única coisa mais exótica que fiz foi comprar uma televidão para a sala, que de exótico não tem nada”, revela.
Para o futuro, há planos de ter um negócio próprio, mas por enquanto é o póquer que lhe paga as contas. E que vai continuar a pagar. O jogo e o estudo, porque um não vive sem o outro. E Ricardo explica: “posso estar a jogar nove horas por dia, mas se do outro lado do mundo está alguém a estudar durante 12 horas, o jogo dessa pessoa vai evoluir muito mais do que o meu”, afirma. É fim de tarde nos arredores de Lisboa. Ricardo está de férias e diz que volta ao póquer a sério no início de setembro.
Saudades do ténis de mesa? “Saudades dos amigos”, revela o jogador que ainda participa nas competições universitárias da modalidade. Na estante, livros. Num ambiente azul e vermelho que junta a academia ao jogo. O “The Mental Game of Poker” está lá para lembrar que as emoções também entram nas probabilidades.
Os pais do jovem algarvio ainda têm dificuldade em aceitar que o filho vive de um jogo que está classificado como sendo de fortuna ou azar. Preferiam que estivesse a trabalhar na área em que se está a formar, mesmo que estivesse a ganhar menos, conta. Ricardo dá-lhes um argumento simples, que não se baseia em probabilidades, ao contrário do póquer: é mais feliz assim.