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Carlos Manuel Martins / Global Imagens

Carlos Manuel Martins / Global Imagens

Ter e perder o poder: Quando o espelho se parte

O que acontece quando se perde o poder? O Observador foi falar com políticos que, de forma abrupta, perderam o cargo. Há um espelho que se parte. E é preciso fazer o luto ao reflexo que desaparece.

“Lembro-me bem daquele dia”. Estávamos em 1998, e, no CDS-PP, o ambiente oscilava entre a depressão e a euforia. Paulo Portas tinha acabado de ser eleito líder do partido, depois de Manuel Monteiro ter caído à mercê de umas autárquicas mal jogadas. No rescaldo da mudança abrupta na liderança, o Conselho Nacional do Partido Popular preparava-se para se reunir no Hotel Sheraton, em Lisboa, para discutir as linhas do tratado de Amesterdão. “Quando cheguei estariam lá cerca de 100 pessoas”, lembra Manuel Monteiro. “Se dessas 100, duas me cumprimentaram e falaram comigo, foi muito”. E o choque foi grande. “Ainda há dois meses essas mesmas 100 pessoas, se fosse preciso, vinham a correr para a entrada do hotel assim que sabiam que eu estava a chegar para subirem as escadas comigo”. Quase 15 anos depois, as feridas estão saradas, mas a memória não deixa esquecer aqueles dias em que perdeu o poder.

"Possibilidade, força física, mando, autoridade. Império, soberania, força ou influência. Governo de um Estado"
Definição de "poder"

No dicionário, é assim que aparece definida a palavra poder. Uma definição teórica e generalista, que transmite a ideia central de força e liderança, mas que, isolada numa entrada do dicionário, surge vazia de sentido. Para quem o exerce de facto – ao poder -, através de cargos políticos ou governativos, a definição tende a ir ao encontro de uma ideia tão “republicana” quanto politicamente correta. Ter poder é exercer funções “em nome daquilo que os cidadãos determinaram”, sintetiza ao Observador Jorge Coelho, ex-ministro socialista, que se demitiu na sequência da tragédia de Entre-os-Rios. José Ribeiro e Castro, que foi líder do CDS-PP durante dois anos e perdeu o mandato também para Paulo Portas, num golpe que disse “traiçoeiro”, segue a mesma linha e diz que “é ter a possibilidade de fazer aquilo em que se acredita”. Mas visto de fora, por quem estuda a psique, exercer poder exige uma definição mais lata e profunda: é “tapar a falta” no sentido de encontrar um “equilíbrio narcísico”, defende Carlos Amaral Dias, psicanalista e professor universitário. Mas vamos por partes.

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"O poder é um espelho: é o lugar onde a pessoa se sente refletida. E quando o espelho se parte, uma parte da pessoa desaparece"
Carlos Amaral Dias, psicanalista

Quando no dia 28 de setembro, ainda a noite começava a despontar, António José Seguro assumia a derrota prematura nas eleições primárias do Partido Socialista e se demitia do cargo de secretário-geral e líder do partido, perdia muita coisa: perdia a oportunidade (que estava ali tão perto) de se candidatar a primeiro-ministro, perdia o partido, perdia a ribalta e perdia o poder. A imagem que fica, depois de um discurso eloquente e com fair-play democrático, é a saída do Largo do Rato, de braço dado com a mulher e a filha, e um sorriso mais ou menos verdadeiro. Para muitos, a noite ainda estava a começar e iria durar mais algumas horas, mas já havia uma baixa. O espelho de Seguro tinha-se partido, como diz Carlos Amaral Dias, e agora era preciso fazer o luto.

https://www.youtube.com/watch?v=kQ_G7Y1an38

Os exemplos multiplicam-se à medida que passamos os olhos pela história político-partidária. E vão da direita à esquerda. Ministros demitidos ou que se demitiram, presidentes de câmara que estiveram à frente do município durante anos a fio e que, na sequência de umas eleições mais ou menos surpreendentes, se veem expulsos daquela que foi a sua casa; ou até mesmo mandatos que terminam e presidentes de instituições europeias que, ao fim de uma década, têm de dar por terminado o trabalho. Num dia lideram, no outro são liderados. Seguro não é o primeiro, nem será certamente o último, líder partidário desafiado que, depois do duelo, sai de mãos vazias. Mas a sensação que fica, pelo menos do prisma do derrotado, é que é assim sem mais nem menos, puff; num dia é-se, no outro deixa-se de ser.

"Passei dos abraços na rua e dos convites para tudo e mais alguma coisa - para nada. Há um imenso vazio".
Manuel Monteiro

Assim é a democracia, dirão uns, como que encolhendo os ombros. Tanto se ganha, tanto se perde. É assim na política como, de resto, é em tudo na vida. Mas isso não quer dizer que seja fácil.

Rei morto rei posto

“Nos momentos imediatamente a seguir a perder a liderança do partido foi duro”, começa por contar Manuel Monteiro ao Observador, repetindo sistematicamente a ideia de um “vazio” que fica depois de perder o exercício daquela função. Uma sensação que, diz, se reflete desde logo no próprio telefone. “Num dia dás por ti a desligar o telemóvel porque não para de tocar e não queres ser incomodado, e no outro estás a tentar perceber se o aparelho não estará avariado porque pura e simplesmente deixou de tocar”.

Paulo Portas e Manuel Monteiro a conversar na Assembleia da República, durante a liderança de Monteiro

Marcos Borga

Manuel Monteiro foi líder do CDS durante seis anos, de 1992 a 1998, e, segundo lembra o próprio, foi durante os primeiros cinco anos “o líder partidário mais popular da história”. Na rua, as pessoas paravam, nos carros buzinavam, interpelavam-no e abraçavam-no sem pudores. E de repente deixam de o fazer. “Rei morto, rei posto”, diz, fazendo uso do provérbio para justificar a mudança de atitude popular. “No período logo a seguir deixo de ser convidado para as coisas. Passo de bestial a besta: sou esquecido“, resume.

Esquecido por quem? Pelos cidadãos em geral, e pelo próprio partido. Principalmente pelo próprio partido, diz, (“de onde menos se espera é onde esse vazio mais se manifesta”), por ser uma estrutura “fria” onde todos querem “agradar o líder e nada fazer para o desagradar”. No caso, o líder era agora Paulo Portas, e a rutura que tinha havido entre os dois acentuava o fosso onde Monteiro caía.

Edite Estrela esteve à frente da Câmara Municipal de Sintra durante oito anos

Também a ex-eurodeputada socialista Edite Estrela experienciou uma perda de poder mais ou menos abrupta, quando deixou a Câmara Municipal de Sintra em 2002 para o social-democrata Fernando Seara. O relato desses dias não é tão dramático, mas fica o “desgosto” e a “mágoa”. “Foi de facto uma surpresa desagradável”, diz a socialista ao Observador, lembrando a derrota. A verdade é que as sondagens feitas nas vésperas daquelas famosas eleições autárquicas de dezembro de 2001, que levaram à demissão do primeiro-ministro António Guterres depois de uma onda laranja ter varrido algumas das principais câmaras do país, davam a reeleição de Edite Estrela em Sintra quase por garantida.

“Nos primeiros tempos há alguma dificuldade de adaptação”, confessa a agora ex-eurodeputada, que deixou o Parlamento Europeu na sequência das europeias de maio deste ano. “É um desgosto que nos atinge profundamente e no dia seguinte ainda estamos naquela fase de ter de cair na realidade e de perceber bem o que aconteceu”. Mas depois passa, garante, dizendo que se trata de uma readaptação a novas funções. Olhando em retrospetiva, Edite Estrela não se recorda de ter sido “particularmente dolorosa” essa readaptação, nem de ter deixado qualquer marca traumática. “Mas deixou alguma mágoa, isso sim, na altura houve mágoa”.

O vício, o espelho e o equilíbrio narcísico

“Não foi fácil” para Manuel Monteiro. “Foi um choque” para Edite Estrela. Não é de facto fácil, diz o psicanalista Carlos Amaral Dias, porque ter poder é um vício. Segundo o médico, uma das faces mais significativas do poder é aquela que é menos visível: é precisamente a que “se esconde entre o sujeito e ele próprio”. Quer isto dizer que o exercício de poder faz com que o sujeito seja perante ele próprio apenas uma pessoa refletida na sua própria imagem.

"O que mais vicia no poder é o benefício narcísico que se tira do exercício de poder".
Carlos Amaral Dias, psicanalista

Daí ser tão viciante, garante Amaral Dias ao Observador. Porque o poder se assume como um “remédio milagroso”, uma “cura para a falta”. Falta de quê? “De qualquer coisa, todos temos uma falta, ninguém é perfeito”. E o exercício do poder tapa precisamente essa falta – “tal como uma droga, que transmite a quem a consome a ideia de que não tem falhas e de que todos os problemas se resolvem naquele instante”. No caso do poder, remata o psiquiatra, a dependência não é sobre substâncias externas, mas sim sobre o equilíbrio interno. Os detentores de cargos de poder ficam dependentes daquilo a que o psiquiatra chama de “equilíbrio narcísico”.

Mas esta é, claro, a visão de um analista da mente humana. Questionados pelo Observador sobre como veem o conceito de ter poder aplicado ao exercício de cargos políticos, as respostas dos vários ex-governantes e ex-líderes partidários tendem a ser menos viradas para si, e mais viradas para o outro. Uma conceção altruísta que também Carlos Amaral Dias põe em cima da mesa. “Muitas vezes os políticos podem-nos transmitir uma imagem de que estão mais preocupados com eles do que connosco, mas nem sempre é assim. Claro que há uma parte do exercício de poder em que o que se pretende não é apenas criar o equilíbrio narcísico mas também servir os outros“, admite.

Jorge Coelho, à esquerda, era ministro do Equipamento Social no governo de Guterres quando se demitiu

O socialista Jorge Coelho, governante no tempo de António Guterres que se demitiu do Ministério do Equipamento Social (Obras Públicas) na sequência da tragédia da ponte de Entre-os-Rios, é um dos que não partilha a visão do psicanalista de que há um vício associado ao poder. Antes pelo contrário. Para Coelho, “o desprendimento é absoluto”, já que ter poder é sinónimo de “exercer uma função em nome daquilo que os cidadãos determinaram”, mas não se cinge ao facto de ter um cargo. “Achei que tinha o mesmo poder quando perdi o cargo”, sintetiza Jorge Coelho que, desde então, tem sido um dos mais importantes mediadores nos confrontos para a liderança dos socialistas. Foi Coelho que, por exemplo, travou a ascensão de Seguro em 2005, aquando da demissão de Ferro Rodrigues, e abriu caminho à eleição de José Sócrates no partido. Foi também Coelho que presidiu a comissão eleitoral das primárias deste ano.

Rui Gomes da Silva foi ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares entre julho de 2004 e março de 2005, quando o governo de Santana Lopes caiu

Visão idêntica tem Rui Gomes da Silva, que foi ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares no curto governo de Pedro Santana Lopes. Para o social-democrata, atualmente advogado e comentador desportivo, o pressuposto de qualquer governação tem de ser “o desprendimento total” em relação ao poder e ao exercício dessas funções.

“Só essa liberdade [o desprendimento do poder] poderá levar a cumprir as funções com isenção, sem compromissos que não sejam os ideológicos e os de consciência”, diz Gomes da Silva.

Quando Jorge Sampaio dissolveu a Assembleia, pondo fim àquele governo de maioria PSD/CDS que apenas durou oito meses, Rui Gomes da Silva garante ao Observador que se sentiu “como estando numa situação de perfeita normalidade”. Saído do governo, voltou para o escritório de advogados que tinha deixado e foi eleito deputado à Assembleia da República pelo PSD. Tudo “normal”, diz, já que o exercício do poder é que é a “exceção”.

"Achei que tinha o mesmo poder quando perdi o cargo"
Jorge Coelho

Segundo conta ao Observador o socialista Jorge Coelho, que afirma ter um “conceito muito republicano do que é o exercício de poder”, a sua vida continuou “igualzinha” e, do ponto de vista político, não mudou “rigorosamente nada” no dia em que deixou de ser ministro. Apenas mudaram as suas tarefas profissionais, tendo deixado de exercer uma determinada função para passar a exercer outras. Do ponto de vista individual, no entanto, ficaram muitas marcas daquele dia, mas não por si; pelas 59 vítimas mortais que resultaram do colapso da ponte. “Ainda hoje me lembro de tudo daquele dia”, diz.

As circunstâncias foram de todo excecionais. Mas tal como Jorge Coelho, também o centrista José Ribeiro e Castro, que esteve à frente do CDS-PP entre 2005 e 2007, prefere dizer que não acompanha a “outra conceção que se tem tornado mais atraente nos últimos tempos” de que exercer poder é exercer um cargo. “Ter poder é fazer aquilo em que se acredita, é estar na posição de poder influenciar a vida coletiva em função daquilo que se defende”, diz, acrescentando que a responsabilidade é tanto maior quanto maior for o cargo de poder. No seu caso, apesar de assumir a responsabilidade de liderar um partido, ressalva que o CDS não era sequer o principal partido da oposição e, nesse sentido, não tinha “muito poder”. Como Seguro, também Ribeiro e Castro foi desafiado internamente e saiu derrotado. O centrista chegou à liderança do partido em 2005, depois de Paulo Portas se ter demitido na sequência de uma má prestação nas eleições legislativas, que terminaram com uma maioria absoluta para o PS. Depois de dois anos de liderança muito contestada, foi afastado do cargo pelo mesmo Paulo Portas que, entretanto, tinha mudado de ideias e queria reconquistar o partido.

Ribeiro e Castro é atualmente deputado do CDS

ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Na teoria, o conceito é unânime. Mas, na prática, “estamos a falar de seres humanos”, diz o centrista Manuel Monteiro, que admite uma visão mais individualista do exercício dos cargos políticos e governativos. “Quem exerce estes cargos de poder são seres humanos e por isso o exercício do poder tem de ser também uma atividade de motivação, de fascínio, e até de prazer”, diz. Este é o segundo campo do poder, diz, sendo que o primeiro é a visão teórica de “pôr em prática as ideias em que se acredita”. Mas ainda há um terceiro, admite. Que é precisamente o exercício do poder por “benefício e satisfação pessoal”, que, se surgir isolado, é “bastante errado”. Já o primeiro e o segundo são “perfeitamente harmoniosos”, e é o facto de o ser humano exercer o poder com “paixão” e “prazer” que leva a que ressinta quando deixa de o fazer.

Para diferentes conceções, diferentes reações. E por isso também a reação à perda do poder, ressalva o psicanalista Carlos Amaral Dias, vai sempre depender das características de cada pessoa e da forma que cada um encontra para lidar com a questão. Porque uma coisa é certa: “o poder é um espelho que a sociedade oferece, quer seja o espelho de ser ministro, quer seja o espelho de ser presidente disto ou daquilo”. “É o lugar onde a pessoa se sente refletida”, e por isso, quando deixa de ter esse poder, o espelho parte-se e a pessoa deixa de conseguir ver o reflexo a que se habituou. “Há uma parte daquela pessoa que desaparece”.

E quando o espelho se parte? O luto

Quando o espelho se parte é preciso fazer o luto, que é como quem diz fazer uma readaptação à vida sem as inerências do exercício de poder. Mas também isso não é fácil, diz o psicanalista. “Os lutos pela nossa própria pessoa são às vezes mais difíceis de fazer do que o luto pelo outro”, explica. Dedicar-se a outras atividades políticas ou, em oposição, ir por exemplo estudar para a Sorbonne e afastar-se dos cargos públicos durante algum tempo são dois caminhos possíveis para essa superação. O apoio da família e o regresso às rotinas da “normalidade” também ajudam, dizem.

"A normalidade é não exercer o poder, quando se exerce é uma situação de exceção. Por isso quando se deixa de exercer o cargo tem de se fazer o exercício de regressar à normalidade"
Jorge Coelho, ex-ministro socialista

Mas isso depende de cada um. Para Manuel Monteiro, a superação da perda passou por ir para Paris aprofundar os estudos na universidade Sorbonne. “Encontrei um caminho que ainda hoje me preenche perfeitamente, o da vida académica”, diz o centrista que se tem mantido afastado do protagonismo dos cargos políticos de topo. Para Edite Estrela, o “vazio” de que Monteiro tanto fala não se deixou fazer sentir da mesma maneira porque, depois de sair da câmara, foi logo para a Assembleia da República exercer funções de deputada. “Foi uma transição normal, onde apenas tive de me habituar ao facto de que ia retomar as minhas funções anteriores, que eram funções igualmente absorventes e exigentes”. Não houve muito tempo para nostalgia, diz.

E aquilo que o médico psiquiatra chama de luto, para Jorge Coelho é apenas o “regresso à normalidade”. “A normalidade é não exercer o poder, quando se exerce é que é a exceção”. O que não é necessariamente mau. Em alguns casos, é voltar a ter mais tempo para a família e “voltar a fazer as pequenas coisas que também dão prazer”, acrescenta Edite Estrela, que se assume como alguém mais “dada à ação do que à contemplação”.

“Ai que prazer, não cumprir um dever”

“No meu caso”, diz Ribeiro e Castro, o duelo com Portas que levou à sua queda”foi uma luta particularmente traiçoeira” e, por isso, a perda de poder até foi “um alívio”. O dia-a-dia voltou a ser mais calmo, com “menos pressão” e também “menos responsabilidade”. Mudaram as rotinas, sim, mas o que não mudou, diz o deputado centrista, foi o “gosto por influenciar os acontecimentos”. E por isso preferiu manter-se na vida política ativa, não obstante a perda do cargo em 2007.

"Regressar à normalidade tem o seu lado positivo, como o facto de passar a conseguir usufruir das pequenas coisas boas da vida"
Edite Estrela

Todos concordam que a perda de poder exige uma transição, mais ou menos pacífica, mas tem os seus lados positivos. Entre risos, Edite Estrela lembra o poema ‘Liberdade’, de Fernando Pessoa, para ilustrar que, depois de oito anos à frente de um executivo camarário, também se aprende a apreciar a liberdade de “não cumprir um dever”. E Manuel Monteiro prefere realçar outro ponto favorável: “perceber quem é que é verdadeiramente amigo independentemente do cargo que se exerce e do poder que se tem” em determinada esfera de influência.

Rui Gomes da Silva, por sua vez, garante que pouco ou nada mudou. Por dois motivos, que se completam: “nunca deixei de frequentar os locais habituais” antes e depois de exercer o cargo no Governo, e “nunca me fascinei com o cargo”, diz. Por isso mesmo diz que nunca teve “desilusões” com isto do ter não ter poder.

"Não senti nostalgia do poder porque ele é naturalmente transitório"
Rui Gomes da Silva

Apesar de afirmar que a perda do mandato no ministério das Obras Públicas não o “incomodou” no sentido da perda do poder, Jorge Coelho admite que o mesmo não acontece, por exemplo, se o que está em causa é a liderança de um partido, a chefia de um governo ou mesmo a presidência de uma instituição como a Comissão Europeia. “Aí sim, acredito que seja preciso um período de adaptação e readaptação à vida normal“. Mas “faz parte da democracia” e por isso Coelho confia que as pessoas com “boa formação política” façam bem esse luto – “a seu tempo”.

Sobre o caso recente de António José Seguro, que voltou a dar aulas na Universidade Autónoma de Lisboa e desapareceu da esfera mediática naquela noite em que saiu do Largo do Rato, Jorge Coelho, que foi o presidente da comissão eleitoral das primárias socialistas, apressa-se a desdramatizar o luto.

“Tenho a certeza, porque conheço o caso concreto, que a formação política e republicana de António José Seguro estão a levá-lo a fazer essa readaptação de forma perfeitamente normal”, diz.

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