Cavaco Silva justificou esta quarta-feira a forma como reagiu, no Facebook, ao anúncio do Governo sobre a saída limpa do programa de assistência da troika. Na altura, as palavras do Presidente da República foram muito criticadas por ter atacado agentes políticos, comentadores e analistas que não acreditavam que Portugal conseguisse escapar a um segundo resgate. Quase dez dias depois desse comentário, Cavaco vem dizer que não há razão para alarido, porque se limitou a copiar um excerto do prefácio do ‘Roteiros VIII’, que publicou em março.

“O que mais me vem à memória, no dia de hoje, são as afirmações perentórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate”, afirmou no Facebook no dia 5 de maio, um dia depois de o primeiro-ministro Passos Coelho ter anunciado ao país que o Governo optava por uma saída sem recurso a cautelar. E continuou: “O que dizem agora?”.

Mas na página 9 do ‘Roteiros VIII’, disponível no site da Presidência da República, o chefe de Estado tinha sido mais resguardado: “Ao longo de 2013, diversos agentes políticos, comentadores e analistas vaticinaram que Portugal não conseguiria evitar um segundo programa de assistência financeira”. O repto interpelativo, como o que escreveu no Facebook, não existia. Assim como não havia referência a “afirmações perentórias”. A frase vinha no contexto da melhoria dos indicadores económicos, que deixavam já de parte o pior cenário para o país.

Recorde-se que o facto de o Governo ter optado por uma saída limpa foi interpretado como sendo uma escolha contrária à opção preferida por Cavaco. No mesmo prefácio do livro que agrega os discursos mais recentes, o Presidente chegou a admitir a possibilidade de “um programa cautelar ser preferível a uma saída dita ‘à irlandesa’”. Mas sobre a opção do Governo, ainda não foi hoje que o Presidente se pronunciou.

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