Mais de uma dezena de soldados ucranianos morreram esta madrugada em Donetsk, em mais uma série de ataques levados a cabo no leste da Ucrânia. Só esta noite foram quatro, diz a BBC, o mais grave no checkpoint de Volnovakha. Permanece por esclarecer quem conduziu os ataques, com um oficial ucraniano a dizer ao correspondente da BBC no local que não foram os separatistas pró-russos.
De acordo com a BBC e a AFP pelo menos 14 pessoas morreram depois de um veículo blindado ter sido atingido com granadas e morteiros junto ao checkpoint de Volnovakha, na região de Donetsk, naquele que dizem ser já o ataque com mais vítimas mortais do lado das forças ucranianas. O número de vítimas, no entanto, não é certo. A CNN fala em nove soldados mortos.
Moradores das redondezas descreveram à Associated Press que os atacantes passaram o checkpoint num veículo que não levantou suspeitas, que fez com que as forças de segurança acenassem, e começaram a disparar à queima-roupa. Sobreviventes que estão internados no hospital também descreveram os ataques à BBC: ouviram tiros e explosões, alguns dizem ter visto vários feridos nas horas que se seguiram.
O ministro da Defesa ucraniano culpa os “terroristas” – termo frequentemente utilizado pelas forças ucranianas para falar dos separatistas pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk – que diz terem bloqueado uma ponte com recurso a “civis provocadores” e aberto fogo indiscriminadamente, usando as pessoas como escudo.
Mas não é claro quem está por trás dos ataques.
Um oficial ucraniano disse mesmo à BBC, sob anonimato, que tinha a certeza de que não tinham sido os separatistas, mas sim “mercenários”.
Informação que foi confirmada no Facebook pelo líder dos rebeldes de Donetsk, Pavel Gubarev. Mas à AP, um comando rebelde de uma cidade das redondezas, auto-intitulado de Bess (demónio, em russo) clamou a responsabilidade da investida: “destruímos um checkpoint do exército fascista ucraniano na região da República de Donetsk”, disse.
A noite sangrenta acontece a apenas a três dias das eleições presidenciais e três dias depois de Vladimir Putin ter anunciado a retirada das suas tropas (cerca de 40 mil) estacionadas na fronteira com a Ucrânia. Como já não foi a primeira vez que o prometeu, poucas certezas havia de que os militares iam mesmo recuar. Mas esta quinta-feira de manhã o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, escreveu no Twitter que parece haver sinais de recuo, aliviando ligeiramente a tensão em torno de uma iminente, ainda que pouco provável, invasão militar russa.
“Vimos atividade limitada da Rússia nas proximidades com a fronteira da Ucrânia, o que PODE sugerir que algumas dessas forças estão de facto a bater em retirada”, escreveu, realçando a palavra ‘pode’ e mostrando que nada é certo por estes dias.
We’ve seen limited #Russian troop activity vicinity of #Ukraine border that MAY suggest that some of these forces are preparing to withdraw
— Anders Fogh Rasmussen (@AndersFoghR) May 22, 2014
Entretanto, perante os ataques desta noite, o primeiro-ministro do governo interino ucraniano Arseny Yatseniuk solicitou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, garantindo ter provas do envolvimento da Rússia nos ataques.