A Rússia já tem a sua própria união económica. O tratado fundacional da União Económica da Eurásia (UEE) foi assinado nesta quinta-feira entre a Rússia, o Cazaquistão e a Bielorrúsia numa resposta direta do Kremlin à crescente integração europeia dos países que faziam parte da sua esfera de influência. “Hoje estamos a criar um centro de gravidade poderoso para o desenvolvimento económico, um mercado regional que une mais de 170 milhões de pessoas”, assegurou Putin.
Esta união vai entrar em vigor já no início de 2015 e pretende uma integração progressiva das economias dos três países, assim como o estabelecimento do comércio livre e a mobilidade dos seus trabalhadores. Embora esta não seja a primeira tentativa da Rússia para formar um bloco económico que agilize o comércio entre os países com quem mantém fronteira – o Kremlin mantém vários acordos como a Comunidade Económica da Eurásia e a União Alfandegária da Eurásia -, esta nova União quer ser mais do que isto. Quer ser uma união política e um sinal de força para o Ocidente.
O presidente da Bielorrússia, Alyaksandr Lukashenka disse que o compromisso não tinha sido fácil, mas que a UEE quer transformar-se gradualmente numa plataforma de cooperação política, militar e humanitária. Apesar de Putin afirmar que este acordo vai levar os países a “um novo nível” de entendimento e respeito mútuo pela sua soberania, Lukashenka aponta estar preocupado com a falta de referências à compra e venda de energia neste novo bloco. A integração do mercado de energia estava previsto já para o ano, mas os acordos assinados apontam que isso só acontecerá em 2025. A Arménia e o Quirguistão vão juntar-se em breve a esta união – o Quirguistão passará a integrar a União Alfandegária da Eurásia já a partir de 2015.
Quem ficou de fora deste entendimento foi a Ucrânia. Foi aliás a preferência de Viktor Yanukovych, ex-presidente ucraniano por um maior aprofundamento das relações económicas com a Rússia em vez da aproximação à União Europeia, que levou à crise política que o país está a atravessar. No entanto, os líderes que assinaram o tratado da UEE mostram-se confiantes que o país se juntará à organização em breve.