Paz foi a palavra mais repetida na oração pela paz no Médio Oriente que decorreu este domingo nos jardins do Vaticano. E foi dita em várias línguas: shalom (em hebreu), salam (em árabe), peace (em inglês) e pace (em italiano).  Mas foi a palavra ‘irmão’ que o Papa Francisco destacou no discurso perante Shimon Peres e Mahmoud Abbas. “Para quebrar a espiral de ódio e violência só precisamos de uma palavra: irmão. Mas para isto temos de nos reconhecer mutuamente como filhos de Deus”, disse o Papa, numa mensagem direta para israelitas e palestinianos.

“A paz requer coragem, muita mais coragem que a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao conflito”, disse o Papa que recebeu este domingo nos jardins do Vaticano o presidente de Israel, Shimon Peres, e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. A cerimónia de oração de paz pelo Médio Oriente começou com três preces, das três religiões envolvidas neste pedido conjunto de paz para aquela região do globo, e durou cerca de uma hora. Em seguida, tanto Francisco como os representantes políticos de Israel e da Palestina discursaram.

“Que a paz possa triunfar por fim e que as palavras divisão, ódio e guerra sejam banidos do coração de todos os homens e de todas as mulheres”, apelou o Papa Francisco.

O convite para este encontro simbólico surgiu há duas semanas, na visita do Papa à Terra Santa. O apelo para esta oração conjunta foi desde logo acolhido pelas duas partes do conflito israelo-palestiniano como uma oportunidade retomar as negociações de paz fora das tradicionais rondas políticas e num ambiente de maior compreensão mútua. O encontro foi amplamente divulgado, incluindo no Twitter, onde a hashtag #weprayforpeace ganhou muita relevância nas últimas horas.

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“Nós – juntos e agora, israelitas e palestinianos – podemos converter a nossa nobre visão de futuro numa realidade de bem-estar e prosperidade. Nós temos capacidade de trazer paz às nossas crianças. Este é o nosso dever e a nossa missão sagrada”, sublinhou Peres na cerimónia, dizendo que na sua vida conheceu a guerra e as famílias dilaceradas pelo conflito e que por isso mesmo nunca deixará de “procurar a paz”.

“Mesmo que a paz pareça distante, temos de lutar por ela”, disse o presidente de Israel, que em julho vai abandonar o seu cargo.

Um pedido que parecue ter eco no discurso de Abbas. “Queremos paz para nós e para o nosso vizinhos. Queremos prosperidade e paz de espírito para nós e para os outros. Deus, acolhe as nossas preces e faz com que sejamos bem sucedidos na nossa missão”, disse o presidente da Autoridade Palestiniana, desejando que a Terra Santa se torne um sítio “seguro”, não para israelitas e palestinianos, mas para as três religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

Após a cerimónia, estres três intervenientes, incluindo o Arcebispo de Constantinopla, líder espiritual da igreja ortodoxa, plantaram uma oliveira nos jardins do Vaticano, seguindo-se uma reunião à porta fechada entre Peres e Abbas.