Passos Coelho sugeriu no início desta semana ao presidente do PPE que Durão Barroso ficassem em Bruxelas depois de terminar o seu mandato na Comissão Europeia, desta feita como presidente do Conselho Europeu. A notícia foi dada na noite de sábado por Marques Mendes, no comentário semanal na SIC.

Segundo uma fonte próxima do primeiro-ministro, há meses que esta sugestão tem sido transmitida a vários dos principais líderes europeus. Passos, aliás, já tinha deixado uma pista nesse sentido, precisamente na penúltima cimeira do PPE, realizada em Dublin antes das eleições europeias.

Aí, precisamente a 7 de março deste ano, Passos subiu ao palco para elogiar os dez anos de Barroso à frente da Comissão Europeia e deixar um sinal a todos os representantes dos partidos europeus do PPE – dirigindo-se ao próprio Barroso: “Tenho a certeza que o teu conhecimento vai ser muito útil a todos nós, num futuro próximo, nas nossas instituições europeias”.

Poucos dias depois, sabe o Observador, Passos foi dizer isso mesmo a Angela Merkel, numa reunião em Berlim que serviu para preparar a saída de Portugal do programa de ajustamento. As hipóteses não eram muito altas, mas nem por isso o Governo português baixou os braços.

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Porém, o resultado das europeias de final de maio tornou tudo ainda mais improvável. “Temos feito muitos contatos, mas quando o PPE e o PSE (os socialistas europeus) ficaram tão próximos nas europeias, isso provavelmente obriga a que haja uma partilha de cargos na Europa, de modo a que haja acordo para os nomes mais importantes”, admitiu um membro do Governo, conhecedor do processo.

“Isso torna mais improvável que Durão Barroso seja nomeado para o Conselho, mas convém aguardar os próximos desenvolvimentos, porque ainda não é impossível”, acrescenta outro membro do PSD.

Esta semana, aliás, Paulo Rangel disse numa entrevista ao Diário Económico que esse cenário não era provável, mas também não seria impossível, sinalizando que o próprio Barroso tinha interesse nisso.

O mais provável, assim, tornou-se o cenário de ser Jean-Claude Juncker o sucessor de Barroso na Comissão Europeia, e alguém do PSE ficar como presidente do Conselho, no lugar que hoje pertence a Van Rompuy. No comentário da noite de sábado, Marques Mendes disse aliás que Barroso “não tem hipóteses”, dando como provável a entrega do lugar no Conselho à atual primeira-ministra da Dinamarca, uma socialista – acrescentando que Angela Merkel já terá admitido que o facto de o país não pertencer ao euro não é obstáculo.

Nas últimas semanas, até esta repartição de lugares tem sido polémica. David Cameron, o primeiro-ministro inglês, opõe-se à nomeação de Juncker e tem feito ameaças sérias sobre a permanência da Inglaterra na Europa caso esse seja o nome do presidente da Comissão. Mas Merkel e o PPE não desistiram de o propor – sobretudo depois de Cameron se ter aliado aos eurocéticos europeus. A nomeação do presidente da Comissão, depois do Tratado de Lisboa entrar em vigor, passou a ser feita por maioria dos membros do Conselho e não por unanimidade.