Os apoiantes de António José Seguro estão a apelar ao voto neste candidato, na pré-campanha interna do PS, “para que a tralha socrática não volte”, referindo-se a António Costa.

As eleições primárias para a escolha do candidato do PS a primeiro-ministro ocorrem dia 28 de setembro e, até ao momento, só há dois candidatos: Seguro e Costa. “Nas legislativas votam onde entenderem, no dia 28 de Setembro, temos que votar Seguro para que a tralha socrática não volte”, diz o mail que está a circular, com ficha de subscrição de apoio à candidatura do atual secretário-geral. Para formalizar a candidatura, precisará de apresentar 1.000 fichas de subscrição.

Num dos vários mails que circulam, a que o Observador teve acesso, apela-se à discrição deste processo. “É muito importante que todos os colegas desse distrito se envolvam e o maior número de pessoas subscreva sem grande alarido. O segredo é a alma do negócio”, lê-se.

O Correio da Manhã noticiou esta quinta-feira que essa difusão está a ser feita também através da base de dados das empresas farmacêuticas, através de uma militante farmacêutica, Isaura Martinho, amiga de Margarida Seguro, mulher do líder socialista, que fez parte da Associação Nacional de Farmácias durante a presidência de João Cordeiro.

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Pedro Delgado Alves, que apoia António Costa, comentou ao Observador, a propósito da “tralha socrática”, isso é “elucidativo” do tipo de campanha de Seguro. “Não merece comentários. Isso fala por si. Mais grave é verificar que as primárias podem ser uma coisa deturpada de raíz. Andam a recolher assinaturas sem sequer estarem ainda definidas as regras do regulamento”, afirmou, chamando ainda a atenção para o facto de os apoiantes de Seguro andarem a pedir o apoio de pessoas que nem sequer são socialistas.

O regulamento das primárias, que são abertas a simpatizantes, só vai ser aprovado esta quinta-feira à noite.

O Observador noticiou, na semana passada, que os apoiantes de Seguro já andavam a distribuir fichas de subscrição de candidatura e que um dos lemas era a separação entre política e negócios. Esta quinta-feira, no Facebook, outro apoiante de Costa, Capoulas Santos, comentou: “Era bom que esta história das farmácias a ‘colaborar’ no recenseamento eleitoral para as primárias e a fazer apelo ao voto em António José Seguro fosse rapidamente esclarecida. Afinal, parece que todos queremos separar a política dos negócios. Ou não?”.

Em declarações à Lusa, o secretário nacional para a Organização do PS, Miguel Laranjeiro, rejeitou “manipulação” por parte de Seguro neste processo. “Se a senhora jornalista enviar emails para os seus amigos, o que quer que eu diga ? Não posso rejeitar que isso possa acontecer. O que rejeitamos é que isso seja interpretado como uma manipulação, uma tentativa de fraude ou até como uma interferência dos poderes económicos”.