O vice-primeiro-ministro considerou hoje que a agricultura é um dos pilares do futuro do país e disse que a vinha e os produtos hortícolas estão entre os setores que vão ganhar apoios na nova Política Agrícola Comum (PAC).
Paulo Portas esteve hoje na inauguração das novas instalações do grupo Santos&Santos, que produz e comercializa vinho a partir de Torres Vedras, tendo feito um discurso em que considerou que investimentos como o desta empresa demonstram que “a agricultura não é coisa do passado, é um dos pilares do futuro do país”.
O vice-primeiro-ministro afirmou que Portugal “nunca terá um território coeso se não tiver uma agricultura desenvolvida” e recordou que os produtos agroalimentares representam 20% das exportações portuguesas.
Presente na inauguração, o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel, destacou o dinamismo empresarial do concelho neste campo e pediu ao governante para que, no âmbito da reforma da PAC para 2014-2020, o Governo proponha a Bruxelas que a vinha e os produtos hortícolas sejam abrangidos pelas ajudas diretas à produção, além das culturas de cereais e da produção de leite.
“Se tivermos esse apoio, os nossos produtos serão muito mais competitivos a nível europeu”, sublinhou o autarca.
Em resposta, Paulo Portas disse que ao presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras que tem mais motivos para ter “mais esperança do que preocupações”.
“As medidas nacionais sobre a Política Agrícola Comum já foram apresentadas no seu primeiro desenho na Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, e setores novos como vinha e frutas entram na mecânica dos apoios, há mais áreas para apoiar e o ganho de escala – que é essencial para conseguir ser competitivo – também é estimulado”, afirmou.
Segundo dados divulgados em maio pela Comissão Europeia, entre 2007 e 2013 a PAC investiu “mais de 8,3 mil milhões de euros nos setores agrícola e rural em Portugal”, enquanto entre 2014 a 2020 as verbas destinadas ao país são de cerca de oito mil milhões.
A maior parte deste valor, cerca de 4,5 mil milhões de euros, será destinada ao primeiro pilar, de pagamentos diretos e organização do mercado, e 3,6 mil milhões de euros para o desenvolvimento rural.
O setor primário português representa 2,4% da economia nacional e 11% do emprego, números que estão acima da média europeia (1,7% e 5,2%, respetivamente). As frutas são a principal produção agrícola em Portugal (21,3%), seguindo-se os legumes (19,1%), leite (12,8%), porcos (9,9%) e aves de capoeira (8,2%).
À margem deste evento, Paulo Portas escusou-se a falar de outros temas que não agricultura com os jornalistas, nomeadamente sobre um artigo do Conselho Consultivo do Fundo Monetário Internacional em que técnicos da instituição defendem que existem vantagens em reestruturar as dívidas quando existem dúvidas de sustentabilidade.