O carvão já representa mais de 30% do consumo total de combustíveis a nível mundial, a mais elevada percentagem desde 1970, indica a última edição anual da ‘BP Statistical Review of World Energy”.

O responsável pela área de economia energética na BP Oil, Paul Appleby, advertiu que, devido ao peso cada vez maior do carvão no consumo mundial, o aumento do recurso aos combustíveis não fósseis foi insuficiente para impedir um crescimento importante das emissões globais de carbono. Estas cresceram 2,1% em 2013, a níveis quase iguais à subida no consumo mundial de energias primárias, de 2,3%.

A ‘BP Statistical Review of World Energy’, que vai já na sua 63.ª edição, avalia todos os anos o comportamento mundial da produção e consumo de petróleo, gás e outros combustíveis, e as principais tendências do setor.

“Esta tem sido uma tendência muito importante ao longo dos anos — as emissões de carbono crescem menos do que o PIB [Produto Interno Bruto] devido ao aumento da eficiência energética, mas mantêm-se a par do consumo de energia”, alertou Appleby, durante a apresentação nas instalações do ISCTE, em Lisboa.

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Isto sucede, sublinhou, “porque não houve alteração na intensidade de carbono no ‘mix’ global de combustíveis desde a última década”.

O responsável da petrolífera lembrou que na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), que representa os chamados países desenvolvidos, “as emissões de carbono por unidade de energia caíram em 2013 devido ao peso crescente dos combustíveis não fósseis”.

Mas, pelo contrário, nos chamados mercados emergentes – que iniciaram a fase mais intensa do processo de industrialização em 2002 -, “o peso crescente dos combustíveis não fósseis foi compensado pelo aumento do carvão e pelo declínio do gás natural”.

“O resultado líquido é que as emissões de carbono continuam a aumentar demasiado depressa para que fiquemos confortáveis”, sublinhou Appleby, acrescentando que nos Estados Unidos, por exemplo, se está a assistir a um retorno ao consumo de carvão para produzir eletricidade.

Já a União Europeia (UE) mostra-se como “a única região que retira benefícios do ‘mix’ de combustíveis”, com “um crescimento forte das renováveis e das hidro a contribuir para o declínio da importância do carvão e do gás para a produção elétrica”.

De acordo com o documento da BP, em 2013 as emissões de carbono na UE estavam abaixo 13% dos níveis de 1990, embora a nível mundial estejam atualmente 55% acima desse mesmo nível.