Um canal de televisão australiano difundiu no domingo um vídeo que faz a reconstituição do momento em que Óscar Pistorius matou a tiro a namorada, a modelo Reeva Steenkamp, no dia de São Valentim do ano passado. A defesa do atleta paralímpico, que reafirma que o crime resultou do facto de Pistorius ter confundido a presença da namorada com um intruso, alega que o vídeo foi obtido pelos jornalistas de forma ilegal.

“Queremos deixar claro que o material difundido foi obtido ilegalmente e em violação do acordo de confidencialidade” estabelecido com a empresa responsável pela elaboração do vídeo, lê-se num comunicado emitido por um dos advogados do desportista, Brian Webber, citado pelo El País. Segundo o advogado, o vídeo foi realizado como prova da sequência dos factos relatados por Pistorius relativos ao dia do crime e faz parte do trabalho confidencial da equipa de defesa para o julgamento.

Segundo o jornal britânico The Guardian, trata-se de uma reconstituição filmada na casa de um tio do atleta, com a ajuda de vários familiares, nomeadamente da irmã do atleta, que se faz passar por Reeva. E pretende ilustrar a veracidade do seu testemunho em tribunal, em que admite ter disparado sobre a namorada mas acidentalmente, por a ter confundido com um ladrão.

Nas imagens, Pistorius, que tem as duas pernas amputadas desde os 11 meses de idade devido a um problema genético, aparece sem as próteses colocadas e a recriar o momento em que, de braço erguido, dispara na direção da casa de banho. O vídeo recria ainda o momento em que o atleta, ainda sem as próteses, carrega o corpo da modelo na sua casa na cidade sul-africana de Pretoria.

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Brian Webber acusa agora a empresa de ter violado a ética profissional e a privacidade da família do atleta que está a ser julgado desde o dia 3 de março no tribunal de Pretoria. “Para a famílias, a divulgação destas imagens constitui uma profunda quebra de confiança e invasão de privacidade”, sublinha o advogado.

A cadeia televisiva australiana – Canal 7 – nega, no entanto, a ilegalidade da aquisição do vídeo, que divulgou ontem no programa ‘Domingo à Noite’. O programa, que foi transmitido apenas na televisão australiana, teve uma audiência de 1,3 milhões de pessoas.

“Não teríamos transmitido o vídeo se achássemos que o tínhamos obtido de forma ilegal”, disse à edição australiana do The Guardian o produtor executivo do programa, Mark Llewellyn.

O julgamento de Pistorius foi entretanto interrompido e deverá ser retomado na quinta-feira, com o Ministério Público a manter a acusação de que os disparos foram propositados e seguiram-se a uma discussão entre o casal.