A ministra de Estado das Comunidades e da Fé britânica, Lady Warsi, demitiu-se esta manhã do cargo por já não poder “apoiar a política do governo britânico em Gaza”. O anúncio foi feito na sua conta de Twitter e em carta de demissão ao primeiro-ministro, Warsi alega que a política britânica no conflito israelo-palesteniano é “moralmente indefensável” e crítica ainda a remodelação no governo. Downing Street já disse que agradece o “excelente trabalho da ministra”.

O cargo de Sayeeda Warsi, que é baronesa, inclui que seja ela a levar a cabo as relações bilaterais com Afeganistão, Paquistão, Bangladesh (de onde provêm muitos imigrantes britânicos), com a Ásia central, é ela que conduz a política de direitos humanos e conduz ainda a relação com organizações internacionais como a ONU. Esta terça-feira, depois de David Cameron não ter alinhado com a condenação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que descreveu o ataque à escola da ONU em Gaza por parte de Israel como “uma ofensa moral e um ato criminoso”, Warsi demitiu-se, anunciando esta mudança no governo no Twitter.

Na carta de demissão divulgada pela BBC, Warsi, que é de origem paquistanesa e muçulmana, diz que deixou de conseguir defender a política do governo britânico em relação a Gaza e que Cameron “não está assim a defender o interesse nacional” e que estas atitudes “terão um impacto prejudicial para a reputação do país“.

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“Como ministra responsável pelas relações com as Nações Unidas, acredito que a nossa atuação em relação ao conflito israelo-palestiniano não é condizente com os nossos valores, especificamente com o nosso compromisso para com o cumprimento da lei e a nossa longa história de apoio ao Direito Internacional”, escreveu Warsi

A ministra critica ainda a recente remodelação do governo que afastou Ken Clarke, ministro da Justiça, e Dominic Grieve, procurador-geral, dizendo que é “a ausência da sua experiência e dos seus conhecimentos” se tornou “muito visível” nas últimas semanas. Em resposta, um porta-voz do governo britânico já veio dizer que o primeiro-ministro lamenta a demissão e que “agradece o excelente trabalho” levado a cabo como ministra, no entanto, não há qualquer alteração na posição sobre Gaza. “A nosso política tem sido consistentemente clara – a situação em Gaza é intolerável e nós temos pedido aos dois lado que cheguem a acordo sobre um cessar-fogo”, sublinhou.

 

Warsi, antiga vice-presidente do Partido Conservador, foi nomeada ministra de Estado das Comunidades e da Fé em setembro de 2012. Na sua conta de Twitter, Warsi tem vindoa dar conta da sua revolta contra a morte de crianças em Gaza e passado mensagens de conforto às mães que têm perdido filhos no conflito.

O Reino Unido está atualmente a rever as licenças de venda de armamento a Israel, mas não vai impedir que os produtores britâncos façam negócio, segundo o The Guardian. A revisão diz apenas respeito às licenças e vem no seguimento do conflito a decorrer em Gaza. Estas licenças abrangem vendas de 8 mil milhões de libras em armamento britânico a Israel, nomeadamente software criptográfico, comunicações militares e partes de várias armas.