O embargo total às importações de produtos alimentares europeus anunciado pela Rússia esta quinta-feira terá um “impacto relevante” em Portugal, considerou o Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar. Falando à agência Lusa, Nuno Vieira e Brito sublinhou que aquele país é o quinto destino das exportações agroalimentares portuguesas, representando cerca de 50 milhões de euros anuais, pelo que é expectável que as empresas portuguesas se ressintam das sanções.
No caso português, os produtos mais afetados pela proibição são a carne de porco, o peixe, os laticínios, as tripas e a horticultura, adiantou o governante. “Tendo em conta que a Rússia é um destino importante para as nossas empresas, com certeza tem um impacto relevante para o nosso agroalimentar”, disse Nuno Vieira e Brito. Ao Observador, o gabinete de imprensa da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares não quis adiantar números, mas reconheceu que haverá um “impacto negativo” nas exportações nacionais.
A Rússia respondeu à imposição de sanções por parte do Ocidente com um embargo total às importações de produtos alimentares dos países da União Europeia, dos Estados Unidos, da Austrália, Canadá e Noruega. O anúncio foi feito esta quinta-feira de manhã pelo primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, que precisou que as sanções abrangem laticínios, carne, peixe, fruta e legumes.
Na quarta-feira, o presidente Vladimir Putin tinha assinado um decreto em que ordenava ao Governo que elaborasse uma lista completa dos produtos ocidentais a banir pelo prazo de um ano. A medida agora anunciada terá consequências não só no agravar da tensão económica e diplomática entre a Rússia e os países ocidentais como também ao nível da própria vida dos russos, que, não tendo acesso aos produtos alimentares europeus e americanos, serão fortemente afetados. Tendo isto em vista, Putin recomendava, no seu decreto, que o Governo tomasse medidas para prevenir o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade.
“Não há nada de bom [em impor] sanções e não foi uma decisão fácil, mas tínhamos de o fazer”, afirmou Medvedev, citado pela agência Reuters. O embargo tem efeitos já a partir desta quinta-feira e durará um ano. O governo russo decidiu igualmente proibir o tráfego de linhas aéreas ucranianas no seu espaço aéreo. Estão também em cima da mesa proibições a outras companhias de aviação europeias.
A proibição esta quinta-feira conhecida é uma resposta direta às sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos à Rússia relativamente ao apoio do Kremlin aos combatentes separatistas do leste da Ucrânia. A somar aos produtos agora banidos, a Rússia havia já cortado a importação de carne de porco aos países da União Europeia e a importação de frutas e legumes da Polónia. Do lado da UE e dos Estados Unidos, as sanções impostas à Rússia dizem respeito à proibição de acesso aos mercados de capitais por parte dos bancos e restrições à importação de material de defesa.