Não aceitou logo o cargo, ficou a pensar. “Não tinha interesse nenhum, mas várias pessoas me convenceram. dever quase patriótico”, disse Vítor Bento, na sua primeira entrevista televisiva desde que assumiu, primeiro, o cargo de CEO do BES, e agora o de presidente do Novo Banco. “Quando o desafio me foi colocado era muito menos dramático”, disse também na SIC.

A entrevista era curta e Vítor Bento não quis adiantar muito sobre os planos que traça agora para a nova etapa. Tentou tranquilizar os clientes do banco, a sua primeira missão: “Devem continuar a confiar no banco. Os depositantes estão protegidos. Espero que as pessoas mantenham a confiança. Se alguns foram saindo, a grande maioria continua com o banco.” Ele próprio já tem conta — embora não tivesse antes de ir para o BES (“por acaso não tinha conta no BES”).

A saída registada de depósitos nos últimos dias não o preocupa. Há cerca de 26 mil milhões em depósitos, “os que podem sair não são suficientemente impactantes face a esta dimensão.”

Quanto ao processo de recuperação, a promessa é a de empenhamento permanente: “Terá que haver um redimensionamento do banco. Ver qual é a forma mais eficiente e socialmente melhor”. Admite é “provável” que tenha que reduzir balcões e pessoal, mas garante estar ainda longe de ter os planos concluídos. Sabe apenas que venderá ativos. “Começámos há dois dias, não consigo dizer-lhe”. Vem aí um plano de reestruturação, mas ainda demorará um pouco: “De um a três meses, depende das etapas e densidade.”

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A grande questão, agora, é a da viabilidade do banco e a sua venda. “O meu esforço é conseguir que seja viável. O banco é hoje mais forte”. Mas Vítor Bento não se compromete com timings, nem com fasquias (“consegue vender pelos 4,9 mil milhões?”, perguntou o entrevistador). A tudo respondeu com prudência: “É um dos timings defindos; (…) Espero que não, tenho que partir desse objetivo (4,9 mil milhões); (…) Farei todo o esforço ao meu alcance, milagres não sei fazer”.