O presidente da TAP, Fernando Pinto, voltou a escrever aos trabalhadores para agradecer o serviço prestado para minimizar os impactos da greve dos pilotos, realçando que as soluções para os problemas da companhia passam pelo diálogo interno.

“É errado pensar que os nossos problemas se resolvem fora da TAP ou, pior ainda, aproveitando dificuldades conjunturais da companhia para transmitir uma má imagem através da comunicação social”, afirmou Fernando Pinto, na carta enviada na segunda-feira aos trabalhadores.

Dois dias após a greve dos pilotos da TAP, o presidente da TAP defende que “o diálogo no interior na empresa é fundamental para encontrar as melhores soluções que tenham em conta as expectativas de todos os grupos profissionais da empresa”.

“No sábado passado a TAP deu uma demonstração de que, para além dos problemas internos que possa haver, fomos capazes de manter no nosso radar a situação dos nossos passageiros”, considerou o gestor, elogiando o “sacrifício individual de muitos trabalhadores” para reprogramar a operação e proteger os passageiros em tempo útil.

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Esta reprogramação permitiu alterar as viagens de cerca de 27.000 passageiros, com antecedência, para outras datas.

Segundo os números fornecidos pela TAP, a greve obrigou a cancelar 70 voos, tendo ainda assim conseguido garantir “80% da sua operação”.

“Realizaram-se ainda 12 voos de médio curso também com pilotos da TAP, a somar aos já inicialmente previstos, pela Portugália (PGA), serviços mínimos”, acrescenta o comunicado da transportadora aérea nacional.

Segundo o documento, a empresa realizou ainda 18 voos de longo curso com pilotos da companhia, “que se somaram aos estabelecidos como serviços mínimos, tendo desta forma a companhia efetuado todos os voos para os voos de longo curso, designadamente Brasil, Colômbia, Panamá e Estados Unidos”.

Os pilotos da TAP fizeram um dia de greve contra o agravamento das condições de trabalho e para obrigar o acionista Estado a receber os sindicatos para discutir a situação da empresa.

Há uma semana, Fernando Pinto tinha escrito aos trabalhadores a dar conta dos voos cancelados em junho e julho, explicando que “226 (48%) deveram-se a falta de pessoal navegante e 119 (25%) a causas técnicas”.

“Ao contrário do que se tem dito, este agravamento não tem, no essencial, relação com o reforço da rede da TAP”, disse, rejeitando que o lançamento de novas rotas seja uma das principais causas para a elevada percentagem de cancelamento de voos.

“Aumento dos cancelamentos por motivos técnicos, em especial na frota A330 e Fokker 100, entrada tardia em operação dos novos pilotos devido a atrasos na sua formação, greve de zelo decretada pelo SPAC [Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil] e atraso na entrega de novos aviões”, enumera Fernando Pinto.

O presidente da TAP refere ainda a “influência negativa na operação de maio/junho de diversas situações fora” do controlo da companhia, “como foi o caso de greves de controladores de tráfego aéreo na Europa, de um A330 que ficou retido em Belém, de problemas com os terminais de bagagens em Londres”.

A TAP cancelou 468 voos entre 01 de junho e 30 de julho, o que equivale a uma taxa de cancelamentos de 2,3% nos últimos dois meses.