A Federação do Setor Financeiro (Febase) admitiu esta quinta-feira estar disponível para negociar uma reestruturação do Novo Banco, sublinhando que, em conjunto com a comissão de trabalhadores, pretende esclarecer o plano na reunião desta tarde com a administração.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Febase disse que espera da reunião com Vítor Bento esclarecimentos sobre a reestruturação, salientando que a federação está disponível para o diálogo e negociação com a administração.

“Temos a sensação que [Vítor Bento] nos vai explicar os acontecimentos, o que aconteceu na separação do BES em ‘good bank’ e ‘bad bank’ e a situação dos trabalhadores”, afirmou Aníbal Ribeiro.

O responsável sublinhou que os sindicatos e a Febase vão “privilegiar ao máximo as negociações para não prejudicar” os trabalhadores.

“Não sei bem o que vai acontecer na reunião, se já foi feito algum levantamento completo da situação ou sobre o plano de reestruturação”, disse.

Aníbal Ribeiro lembrou que as coisas não têm sido fáceis para os trabalhadores nas “últimas semanas” e, por isso, espera que depois da reunião, estes fiquem mais “descansados”.

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Também João Isidro Matos, da comissão de trabalhadores disse à Lusa esperar que o encontro sirva para perceber se vai haver redução dos postos de trabalho na sequência do plano de reestruturação do Novo Banco.

“Vamos tentar discutir a situação do banco e o que vai acontecer aos trabalhadores porque temos ouvido muitas coisas, desde o despedimento de pessoas e encerramento de balcões”, disse João Isidro Matos a propósito da reunião com Vítor Bento.

João Isidro Matos realçou que os trabalhadores estão a viver momentos de incerteza e de angústia. “Queremos que Vítor Bento esclareça o que é que pensa fazer em termos de futuro não só no banco como para os trabalhadores”, disse.

O encontro entre Vitor Bento e a delegação liderada pelo secretário-geral da UGT, Carlos Silva, está previsto para as 16h  e, meia hora depois, será recebida a comissão de trabalhadores.

Há uma semana, o presidente executivo do Novo Banco afirmou, em entrevista à SIC, a primeira depois de ter assumido a liderança da instituição, que vai apresentar um plano de reestruturação, sobre o qual recusou revelar detalhes.

No entanto, o gestor admitiu, na altura, que “vai ter de haver redimensionamento do banco”, mas disse que isso terá de “ser visto com os próprios ‘stakeholders'”.

Questionado sobre se ia reduzir o número de balcões e de trabalhadores, Vítor Bento admitiu essa probabilidade.

“Está em curso a elaboração de um plano de reestruturação e irá desencadear as medidas que têm de ser aplicadas”, afirmou na entrevista.

Sobre quando é que este plano estará pronto, Vítor Bento disse não ter “timing’ exato”, mas admitiu que este possa ser apresentado “entre um a três meses”.

O Banco de Portugal tomou controlo do BES a 3 de agosto e anunciou a separação da instituição num banco mau (‘bad bank’), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num ‘banco bom’, o banco de transição chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos considerados não problemáticos e que receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução bancário.