Demorou 11 anos a ser concluído, mas o esforço compensou. “O Pintassilgo”, terceiro romance de Donna Tartt, venceu o Prémio Pulitzer de Ficção e os produtores da saga “Hunger Games” já anunciaram uma adaptação ao cinema. O romance sobre a história de um rapaz de 13 anos que vive em Nova Iorque e que de repente se vê sem a mãe, que já era a única figura parental, mereceu vários elogios, entre os quais um de Stephen King. “‘O Pintassilgo’ é um daqueles livros raros que aparecem uma meia dúzia de vezes por década. (…) Donna Tartt criou uma extraordinária obra de ficção”. Chegou às livrarias a 3 de setembro.
Dois dias depois, a 5 de setembro, chegou às livrarias “O Filho”, de Philipp Meyer, um dos três finalistas do Prémio Pulitzer de Ficção, mas que acabou por perder para Donna Tartt. Descrito por vários críticos como um dos grandes romances americanos, “O Filho” atravessa seis gerações de uma família e quase dois séculos da história americana. Envolvente e magistral, foi assim que o New York Times descreveu o livro que entrou no top 10 dos melhores de 2013.
O nono romance de Meg Wolitzer também chegou com setembro, e segue as promessas da adolescência de uma geração que achou que era especial. No verão de 1974, seis amigos prometeram que a sua amizade duraria eternamente. E que seriam sempre Os Interessantes, título do livro editado pela Teorema. O desenvolvimento da história é para descobrir em quase 600 páginas, elogiadas pela crítica.
José Saramago deixou um romance inacabado que a Porto Editora vai publicar a 23 de outubro. Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas, assim se chama o livro, é “mais uma forma de repúdio à violência”, escreveu Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago. Tem apenas três capítulos e são acompanhados por notas do autor, feitas quando começou a escrevê-lo. Nelas, José Saramago antecipa o andamento e o desenlace da história que pretendia contar. O título do livro vem de um verso do poeta Gil Vicente e tem como protagonista o funcionário de uma fábrica de armas que vive um conflito moral decorrente do seu trabalho. O último livro do Prémio Nobel de Literatura será publicado simultaneamente em português, italiano, espanhol e catalão, na Europa e na América.
Ainda sem capa, o novo livro de Gonçalo M. Tavares, intitulado Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, também chega em outubro. Na apresentação da Porto Editora, o livro foi descrito como “uma profunda reflexão sobre o século XX” mas, como já é habitual, o secretismo à volta de uma nova obra do autor português, já editado em 35 países, é grande.
A peregrinação do rapaz sem cor, de Haruki Murakami, é o principal lançamento da Casa das Letras em setembro. O autor japonês da trilogia de sucesso 1Q84 colocou nas páginas uma história de amor e amizade, sobre a vida de um homem que projeta estações, e que muda com a entrada de uma mulher na sua vida.
A incrível viagem do faquir que ficou fechado num armário Ikea chegou às livrarias nacionais no dia 1 de setembro, numa edição Porto Editora, e conta a história de Ajatashatru Larash Patel, faquir de profissão, que vive de expedientes e truques de vão de escada. Um dia, o indiano corda decidido a comprar uma nova cama de pregos. Abre o jornal e vê uma promoção aliciante: uma cama de pregos a 99,99 euros numa tal de Ikea, e cuja loja mais próxima do Rajastão fica em Paris. A partir desta decisão, o pobre faquir entra numa aventura feita de encontros surreais, perseguições e fugas que o levam numa viagem por toda a Europa e até à Líbia pós-Kadhafi. Já traduzido para 36 línguas, este livro escrito com humor por Romain Puértolas vai fazer o leitor sorrir e identificar-se, por exemplo, com o drama de querer um objeto da loja sueca, mas ter de percorrer todo o espaço comercial até chegar ao que quer.
A estreia do músico e compositor Sérgio Godinho na ficção, com o livro de contos VidaDupla, é uma das novidades editoriais do grupo BertrandCírculo. Sai a 10 de outubro, com a chancela da Quetzal. “O que esconde e o que revela um velho lençol puído sobre a intimidade de uma mulher? Como se prova a inocência quando um alibi incrimina? O que significa a morte na vida de um carrasco, e o que significa a vida no dia da sua morte? Para onde rolam as bicicletas e caminha a história das duas operárias? O que leva um homem a deixar a sua casa, noite após noite, para dormir na rua?”. Estas são algumas questões propostas pelas histórias de VidaDupla.
Em novembro, a Quetzal publica O Rei Pálido, o romance inacabado do autor David Foster Wallace, que se suicidou em 2008, aos 48 anos. O livro foi finalizado pelo editor de Wallace, Michael Pietsch, com a ajuda de páginas e notas que o autor deixou escritas. O New York Times dá conta de que se sente que este não é um romance terminado por Wallace, completo, mas realça a passagem do estado de espírito do autor para as páginas do livro.
À coleção de clássicos da literatura de humor das edições Tinta-da-China, dirigida por Ricardo Araújo Pereira, em novembro chega Oblomov, de Ivan Goncharov, um clássico do século XIX. Trata-se da primeira tradução portuguesa a partir do russo, feita por António Pescada, desta grande sátira à nobreza russa. “Oblomov é o epítome da preguiça e da indecisão”, escreve a editora.
Na língua portuguesa, destaque também para a edição em setembro de Lídia Jorge, com O Organista, de um novo romance em outubro de José Luís Peixoto, Caminho Como Uma Casa em Chamas, novo livro de António Lobo Antunes que sai pela D. Quixote em outubro e ainda o lançamento da poesia completa de Herberto Hélder são outras das novidades a manter debaixo de olho no último trimestre de 2014
De fora chega a obra vencedora do mais recente Man Booker Prize, Os Luminares, de Eleanor Catton, na Quetzal e na Bertrand, e ainda um novo livro de Jamie Oliver, pela Porto Editora.
A pensar no Natal dos mais novos, em novembro chega às livrarias, com a chancela Booksmile, aquele que será, como habitual, o livro infantojuvenil mais procurado, O Diário de um Banana 9, nono volume da coleção de Jeff Kinney que já vendeu mais de 115 milhões em todo o mundo. No mesmo mês dá-se a estreia de Valter Hugo Mãe no mundo infantojuvenil com O paraíso são os outros também, da Porto Editora.
Mas nem só de livros se faz a rentrée. Se quer saber mais sobre os discos, concertos, espetáculos, séries e filmes que aí vêm, clique aqui.