É totalmente contra a independência da Escócia, e também da Catalunha, mas esclarece que uma vez iniciado esse caminho não há nada que legalmente impeça escoceses e catalães de serem Estados-membro da União Europeia (UE). Joseph Weiler diz mesmo, em entrevista ao Observador, que “houve declarações disparatas” quanto à possibilidade de adesão à UE do país e da região autónoma.
Reitor do Instituto Universitário Europeu (em Florença), Professor Honorário nas Universidades de Londres e Copenhaga e membro da Academia Americana de Artes e Ciências, entre outras coisas, Joseph Weiler acredita que um resultado favorável à independência da Escócia no referendo poderá ser o tiro de partida para uma mudança radical na Europa: “Se vencer o ‘sim’ e a Escócia for aceite na União Europeia, e provavelmente será difícil dizer-lhes que não, eles são europeus, eu acredito que acontecerá um efeito de dominó”. Weiler considera que ficará assim aberta a porta para catalães e bascos seguirem o mesmo caminho, mas também para a divisão da Bélgica, por exemplo.
O professor universitário afirma que estamos perante um retrocesso na história, para os tempos do final da Primeira Guerra Mundial, a um espírito contrário ao europeu. “Para mim este espírito independentista é antiquado, não-colaborativo, centrado nos interesses próprios e pouco sensato. De um ponto de vista moral não o vejo como um desenvolvimento positivo para a Europa.”
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Hoje, 18 de Setembro, é um dia que poderá ser histórico, admite Joseph Weiler, porque em causa, se vencer o “sim”, estará uma modificação na União Europeia. “Se a Escócia caminhar para a independência, teremos uma Europa diferente, e não uma Europa melhor.”
O tom explicitamente crítico a que recorre quando se refere ao sentimento independentista, é repetido em relação aos que acenam com a bandeira do isolacionismo relativamente ao contexto europeu. Weiler considera que não há nada na lei que justifique o argumento contra a independência baseado na não aceitação na UE: “Julgo que houve declarações disparatadas, não há, legalmente, qualquer impedimento para a Escócia se tornar membro da União Europeia, não há qualquer impedimento para a Catalunha se tornar membro. É uma questão política. Se todos os Estados-membro os quiserem aceitar naturalmente que eles serão membros.”
Mas o Reitor do Instituto Universitário Europeu alerta que o cenário muda se não existir unanimidade, “se alguns Estados-membro disserem não, não queremos aceitar a Escócia, será complicado, provavelmente eles poderão ser impedidos dessa forma” de aderirem à UE.