Barba, sim senhor. “Hasta la victoria”, também não está mal. Charuto e cantorias dos Buena Vista Social Club, tudo certo. Um perfume? Impensável. É assim que pensa o governo cubano, que rejeitou a comercialização dos perfumes “Ernesto” e “Hugo”, que estão ainda em fase de produção, em homenagem a Che Guevara, o argentino que combateu junto a Fidel Castro na revolução cubana, e Hugo Chávez, o antigo presidente da Venezuela. Porquê? “Os símbolos de ontem, hoje e amanhã são sagrados”, conta a BBC.

Um cheiro refrescante, cítrico com um toque amadeirado. É este o cheiro de Ernesto. O perfume, pois claro. Quanto a Hugo, é uma fragrância mais suave, com um aroma a abraçar a fruta, com mais preponderância da manga e da papaia. “Serão perfumes muito atrativos, mas os nomes também significam muito para nós”, explicou Isabel Gonzalez, a vice-presidente pela pesquisa e desenvolvimento da Labiofarm. “Não queríamos criar propaganda, mas sim prestar homenagem e ajudar a perdurar os nomes deles”, informou Mario Valdes, um elemento da equipa de design do produto.

Quem achou que esta história não cheirava bem foi o governo de Cuba. Numa declaração publicada no jornal Granma, o órgão oficial do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, o Executivo descreveu a produção dos perfumes como “um erro” e prometeu agir contra empresa que teve a ideia. “Os detalhes desta ação irrefletida foram discutidos ao pormenor na sexta-feira com o diretor da empresa e os empregados que apresentaram o produto em Havana”, pode ler-se numa declaração do Comité Executivo do Conselho de Ministros, que é presidido por Raul Castro, o presidente do país. “Este tipo de iniciativas nunca serão aceites pelo nosso povo ou pelo Governo Revolucionário.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A empresa fabricante disse à imprensa internacional que as famílias de Che Guevara e Hugo Chávez haviam autorizado a utilização dos nomes. O governo cubano desconfia. Veja aqui o texto na íntegra publicado no Granma.

Em congresso recentemente organizado pela LABIOFAM, incluimos a apresentação dos perfumes que, segundo declarações à imprensa internacional de funcionários de essa empresa, teriam como marcas os nomes de “Ernesto” e “Hugo”, numa suposta “ho­menagem” aos comandantes Ernesto “Che” Guevara e Hugo Chávez Frías.

Ficou esclarecido que não é certo que os familiares de “Che” e Chávez tivessem aprovado semelhante utilização dos seus nomes, como afirmou um funcionário da agência de notícias norte-americana AP.

Por este grave erro, serão tomadas as medidas disciplinares correspondentes”.