O grupo radical Estado Islâmico (EI) reforçou o avanço sobre grande parte de Kobane, cidade que está a ser defendida no terreno por forças curdas. Até sábado, 40% da cidade estava tomada pelos radicais. Para que a cidade não capitule, pede-se mais apoio no terreno e a abertura da fronteira turca.

De acordo com a Reuters, um grupo que estava a monitorizar a guerra civil síria disse que a derrota dos curdos é inevitável se a Turquia não abrir a fronteira. Também o enviado das Nações Unidas à Síria pediu à Turquia que abrisse as fronteiras e que deixasse passar “voluntários” que quisessem combater ao lado das forças curdas que defendem a cidade.

Mas Tayyip Erdogan, o antigo primeiro-ministro e recém-eleito Presidente da Turquia, mostra-se relutante. Nem abertura de fronteira, nem participação do exército turco, já que Bashar al-Assad considera os combates no território sírio como uma agressão e Erdogan não quer passar a fronteira sozinho e sem autorização do Presidente sírio. A situação da população curda em Kobane desencadeou violentos protestos na Turquia. Pelo menos 33 pessoas morreram em três dias de protestos, incluindo dois agentes da polícia.

O apoio no terreno para evitar a derrota pode ser essencial. Desde quarta-feira que os Estados Unidos têm feito bombardeamentos em Kobane, utilizando caças-bombardeiros e aviões não tripulados. Mas o almirante John Kirby, porta-voz do Pentágono, já admitiru que os ataques aéreos por si só não são suficientes.

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O principal grupo armado curdo, Unidades de Protecção Popular YPG, afirmou em comunicado, citado pela Reuters, que os ataques aéreos infligiram grandes perdas ao EI, mas que têm obtido menos resultados nos últimos dois dias. À medida que os jihadistas se infiltram na cidade, é mais difícil para os aviões atingirem as posições do EI.

Se a cidade capitular, a ONU teme o massacre dos curdos e de 12 mil civis, lembrando o massacre de Srebrenica.

“Corredor para armas e combatentes é irreal”

Numa entrevista publicada este sábado no site da France 24, o ministro dos Negócios Estrangeiros recusa abrir a fronteira. Mevlut Cavusoglu defende que é necessária uma abordagem mais abrangente para derrotar o Estado Islâmico.

“Isto (o corredor) não é realista. Quem é que vai fornecer as armas? Para já, mandar civis para a guerra é crime”, disse.