Começou tarde e acabou cedo. A primeira reunião da Comissão Nacional do PS durou menos que uma parte de um jogo de futebol e teve menos discursos que os golos marcados por Portugal. Ninguém falou sobre a atual situação do país e do partido. E a culpa? Foi do jogo de Portugal e da elevada “carga masculina” da Comissão Nacional, disse Maria de Belém.
A primeira reunião do principal órgão do partido da era de António Costa foi pacífica. Não houve as declarações constantes do Vimeiro nem a gritaria e insultos de Ermesinde (locais onde se realizaram as últimas reuniões). E tudo porque ninguém falou. Até havia quem tivesse discursos preparados em papel, o caso de Álvaro Beleza, mas Maria de Belém, que está demissionária, fez um pedido inédito à comissão nacional: “Houve um pedido da presidente do partido para que a reunião fosse sintético”, contou à saída da reunião, António Costa.
Maria de Belém, que está agora no papel de presidente do partido e de secretária-geral em funções depois da demissão de António José Seguro, preferiu dar outras justificações para ter travado o debate interno: é um dia de semana e havia pessoas que vinham de longe e tinham de voltar para casa. Além disso, referiu: “Houve um atraso no início dos trabalhos, por causa do jogo da seleção (…) e este é um órgão com uma grande carga masculina”.
O debate que não foi feito na comissão nacional vai ser feito, por proposta de Maria de Belém, numa comissão política – o órgão intermédio entre a direção do partido e a comissão nacional. Esta comissão ainda não tem data marcada. As datas que já estão marcadas são as das eleições diretas e do congresso. Foi a única votação que foi feita na comissão nacional e a única razão que juntou os socialistas esta terça-feira à noite em Lisboa. 143 membros da comissão nacional votaram a favor do calendário e houve 38 votos brancos. Assim, as eleições diretas vão ser nos dias 21 e 22 de novembro, serão as federações distritais a escolher o dia e o congresso nacional será nos dias 29 e 30 de novembro e Lisboa.
Já António Costa vai apresentar a candidatura ao partido no dia seis de novembro. E foi a única informação que prestou à saída da reunião do partido. Em declarações aos jornalistas, o candidato a primeiro-ministro do PS recusou falar sobre o facto de não ter havido intervenções remetendo respostas para Maria de Belém e nem sobre a atual situação política: “Há uma líder em funções”. Mas não o será por muito tempo. À entrada para a reunião, Maria de Belém disse aos jornalistas que já tinha manifestado a António Costa a intenção de deixar a presidência do partido. Ficará em funções até à entrada da nova direção eu sair do congresso nacional.