As ações da Portugal Telecom SGPS voltaram nesta terça-feira a abrir com fortes perdas e, ao final da primeira hora de negociação na bolsa de Lisboa, os títulos desciam 8% e oscilavam em torno da marca de um euro por ação. O pessimismo dos investidores em relação à dívida da RioForte e à parceria Oi-PT continua a pressionar as ações, apesar de o regulador do mercado ter proibido a venda a descoberto na sessão desta terça-feira.
A Portugal Telecom SGPS chegou a valer 0,952 euros nos primeiros minutos da sessão desta terça-feira, segundo dados da Euronext, reaproximando-se do mínimo histórico de 0,865 euros fixado na segunda-feira. Os títulos desciam 28,8%, na segunda-feira, no momento em que tocaram o mínimo histórico. Às 9h30 de terça-feira, o título descia 6,9% para 1,016 euros, numa altura em que o PSI-20 inverteu as perdas da abertura e ganhava 0,66%.
O ritmo das perdas atenuou-se na reta final da sessão de segunda-feira, com as ações a fecharem com uma queda de 10%, mas voltam esta terça-feira a refletir o pessimismo dos investidores numa altura em que é muito baixa a expectativa de uma recuperação do valor emprestado em abril à RioForte, uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES) que caminha para a insolvência no Luxemburgo.
Além disso, são também muitas as dúvidas dos investidores acerca do futuro da empresa resultante da fusão entre a PT e a Oi, o que também se reflete na negociação das ações na bolsa de São Paulo. Na bolsa de Lisboa, a PT (Portugal Telecom SGPS) passou a ser uma “holding” que detém cerca de 26% na empresa resultante da fusão entre a Oi e a PT e, ainda, a dívida da RioForte.
Na bolsa de Lisboa, as ações da PT continuam a cair apesar de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter vedado a venda a descoberto (“short selling”) na sessão desta terça-feira. “A flutuação do preço das ações em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo”, justificou o regulador.
Com a venda a descoberto, os investidores pedem emprestado um dado número de ações a um intermediário financeiro e vendem no mercado. Se a ação descer, entretanto, volta a comprar o mesmo número de ações e devolve-as ao intermediário, lucrando a diferença. Este ano, a CMVM já proibiu várias vezes as vendas a descoberto de ações do BES, Portugal Telecom, mas também da Jerónimo Martins e do BCP.
Os analistas têm justificado a forte queda das ações com a incerteza em torno da exposição à crise do GES, sobretudo depois de o Tribunal do Luxemburgo ter colocado a RioForte à beira da insolvência. “A decisão mostra a situação delicada da RioForte e reduz as expectativas quanto à recuperação” do montante aplicado no papel comercial da empresa do GES, escrevem os analistas do BPI em nota de análise enviada na segunda-feira. As quedas da Portugal Telecom SGPS na bolsa portuguesa acentuaram-se também depois da saída de Zeinal Bava da liderança da Oi.