O Fundo de Capitalização da Segurança Social, um dos acionistas de referência da Portugal Telecom, perdeu cerca de 33,4 milhões de euros com a desvalorização em bolsa da participação de 2,28% que detém no capital da operadora, desde que rebentou a crise do Grupo Espírito Santo (GES), no início do verão.
As ações da PT fazem parte da carteira de reserva estratégica do fundo desde a sua criação, mas os principais investimentos estão aplicados em dívida pública portuguesa. Com um património superior a 12,5 mil milhões de euros no final de junho, o fundo da Segurança Social serve de almofada para o pagamento de pensões.
A Portugal Telecom (PT) é desde já o principal dano colateral do colapso BES/GES. Desde que foi conhecido no final de junho o investimento de 897 milhões de euros realizado na Rioforte, holding do GES, as ações da operadora perderam mais de 60% do seu valor em bolsa.
Os investidores portugueses da operadora são os mais castigados por estes prejuízos. Novo Banco (que ficou com a participação do BES), Ongoing, Visabeira, Controlinveste e Segurança Social, controlavam no final de junho mais de 27% do capital da PT. Entre essa data e o fecho de hoje em bolsa, estas participações desvalorizaram 400 milhões de euros e pertencem ao Novo Banco, Ongoing, Visabeira, Controlinveste a Segurança Social, de acordo com a informação acionista do site da operadora.
Fazendo as contas ao mínimo histórico atingido pelos títulos da PT este manhã, 0,865 euros, as perdas acumuladas dos investidores nacionais com posições acima dos 2% chegaram a ultrapassar os 455 milhões de euros. As ações travaram a queda no final da sessão, fechando a desvalorizar 10% nos 1,092 euros num dia marcado por uma elevada volatilidade e volume de negócios.
Empresa que cai em bolsa não é a PT Portugal
Depois de aprovada a fusão com a operadora brasileira Oi, a Portugal Telecom que continuou cotada na bolsa de Lisboa é uma sociedade gestora de participações sociais (SGPS) que tem dois ativos: a participação da empresa portuguesa na Oi, que ficou reduzida a 25,6% depois da revisão do acordo impostas pelos brasileiros, e a dívida de 897 milhões de euros da Rioforte à empresa portuguesa.
A PT SGPS tem direito de reforço no capital do grupo que resultou da fusão das duas empresas ibéricas, mas a declaração de insolvência da holding do GES, no final da semana passada, tornou ainda mais remota a possibilidade da empresa que está bolsa vir reaver uma parte do que investiu em papel comercial. É esta perceção por parte dos investidores que tem vindo a afundar as ações da PT de forma mais intensa nos últimos dias.
PT na bolsa vale menos de mil milhões
Mas o ciclo de quedas contínuas iniciou-se no final da primeira semana de outubro com a demissão de Zeinal Bava de presidente da Oi e notícias sobre a venda da PT Portugal que foram vistas com um sinal do possível fracasso do projeto de criação de um grande operador luso-brasileiro. A Oi não confirma que esteja a negociar a venda da PT Portugal, mas admite alienar ativos da empresa portuguesa: a participação na operadora angolana Unitel e as antenas da rede móvel em Portugal.
A francesa Altice é para já a única empresa que manifestou publicamente interesse na operação portuguesa da PT. Os analistas admitem que a PT Portugal possa valer entre 6,7 mil e 7,7 mil milhões de euros, o que equivale a sete vezes mais do que a capitalização bolsista da PT SGPS que esta segunda-feira fechou a valer menos de mil milhões de euros, nos 978 milhões de euros.