Os deputados socialistas querem que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) entregue à comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) a documentação referente ao volume transacionado em ações do BES, no período entre 28 de julho e 1 de agosto de 2014. O objetivo é perceber quem vendeu ações, o que venderam e se quando as venderam gozavam de informações privilegiadas quanto ao futuro do banco e do GES.

O Partido Socialista vai entregar um requerimento ao presidente da comissão parlamentar, o deputado Fernando Negrão, para que a comissão possa ter acesso “à percentagem de clientes institucionais e percentagem de clientes não institucionais” que venderam ações do banco, à identidade de quem participou nas transações, assim como, a hora e o dia em que o fizeram.

“Um dos blocos que será alvo de inquirição por nós, PS, será o momento em que é decidida a resolução e o que se passou nos dias seguintes, nomeadamente se houve ou não circulação sobre essa decisão antes do dia três [de agosto] e por onde circulou essa informação”, afirmou o coordenador do partido na comissão, o deputado Pedro Nuno Santos, em declarações à agência Lusa.

As notícias sobre a crise do BES e do Grupo começaram a surgir nos primeiros dias de julho, mas o final do mês, o período ao qual os socialistas se referem, foi um autêntico carrossel: a 30 de julho o BES admitia um prejuízo de 3,6 mil milhões, num comunicado divulgado no site da CMVM; no dia seguinte, a 31 de julho, o Conselho de ministros aprovava a alteração ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, que viria a permitir o enquadramento legal da divisão do BES em “banco bom” (Novo Banco) e “banco mau” (BES); no dia 2 de agosto, Luís Marques Mendes anunciava em primeira mão, no seu espaço de comentário, a decisão do Governo, que só viria a ser confirmada oficialmente no dia seguinte.

No período em questão (31/07  a 01/08), assistiu-se a uma corrida à venda de ações do BES, que se viria a traduzir numa desvalorização histórica. Os socialistas querem, agora, saber se esta corrida foi motivada, ou não, por informações privilegiadas.

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