Um vídeo posto na internet este domingo indica que os jihadistas do Estado Islâmico terão assassinado mais um refém, desta vez o norte-americano Abdul-Rahman Kassig, que foi capturado na Síria há um ano, quando fazia apoio humanitário naquele país. No vídeo, um jihadista com o rosto coberto aparece reclamando a decapitação do cidadão americano, que se tinha convertido ao islão.

O vídeo, cuja veracidade ainda não foi oficialmente atestada, é muito diferente dos anteriores, refere o New York Times. O vídeo de 16 minutos faz uma resenha histórica do que é o Estado Islâmico, desde a origem no Iraque sob a orientação de Osama bin Laden até aos dias de hoje. Depois é mostrada uma decapitação em massa de soldados sírios, quinze pessoas no total. E só no final aparece uma cabeça decapitada e ensanguentada aos pés do captor, alegadamente a de Kassig.

Peter Kassig, nome original do americano de 26 anos, foi capturado a 1 de outubro de 2013 quando se dirigia para o este da Síria em trabalho humanitário pela organização que tinha criado – Resposta Especial de Emergência e Assistência (Special Emergency Response and Assistance). Em outubro deste ano, quando foi divulgado o vídeo da execução do britânico Alan Henning, a já habitual ameaça era dirigida a Kassig, relembra a BBC. Mas, ao contrário dos anteriores executados, Kassig não falou. “Este é Peter Edwards Kassig, um cidadão norte-americano do teu país. Peter, que combateu contra os muçulmanos no Iraque enquanto servia o exército americano, não tem muito para dizer. Os companheiros de cela anteriores já falaram em nome dele”, disse o executor enquanto se dirigia ao presidente norte-americano Barack Obama.

O terrorista encapuçado de sotaque britânico será o mesmo que terá morto James Foley e Steven Sotloff, “Jihadi John” como foi apelidado pelos meios de comunicação internacionais, noticia o Guardian. O Daily Mail noticiava este sábado que o terrorista teria dado entrado no hospital esta semana com ferimentos depois de o abrigo subterrâneo onde se encontrava ser sido bombardeado. “Recebemos relatos de que este indivíduo tenha sido ferido e estamos a analisá-los”, disse fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas o primeiro-ministro britânico David Cameron recusa-se, segundo o Guardian, a comentar esta situação.

Os reféns norte-americanos e britânicos são as principais vítimas mortais estrangeiras deste grupo de radicais islâmicos. O objetivo do grupo é angariar dinheiro, mas nem os Estados Unidos, nem o Reino Unido estão dispostos a pagar resgates, por isso os cidadãos acabam por ser executados. Já países como França, Espanha ou Dinamarca viram os cidadãos libertados depois de corresponderem às exigências dos captores. Um dos cidadãos europeus, libertado recentemente, contou que os extremistas descobriram que Kassig era veterano do exército norte-americano. Com acesso às contas de email e redes sociais dos reféns, os sequestrados investigam o passado dos mesmos e torturam-nos acusando-os de serem espiões – Peter Kassig era um veterano da Guerra do Iraque, o britânico David Cawthorne Haines falava da experiência militar no perfil do Linked in e James Foley tinha fotografias de militares americanos.

Os pais de Kassig mostraram há semanas uma carta do seu filho, na qual ele conta pormenores da sua captura. “Esta é a pior coisa pela qual um homem pode passar, o stress e o medo são incríveis. Eles dizem-nos que vocês nos abandonaram, mas claro que nós sabemos que vocês estão a fazer tudo o que podem. Não se preocupem, pai e mãe, se eu cair não irei a pensar nada que não seja o que creio que seja a verdade. Que vocês me amam mais do que a lua e as estrelas.” A família de James Foley, a primeira vítima decapitada, lamenta a forma como o Governo norte-americano tem lidado com a situação. Acusa ainda o Governo de os ter feito perder tempo quando colocou a possibilidade de as famílias serem processadas por pagarem o resgate dos reféns.

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