A Coreia do Norte ameaçou hoje realizar um novo teste nuclear em resposta à recente aprovação de uma resolução da ONU que apela ao Tribunal Penal Internacional que julgue o país por “crimes contra a humanidade”.

O regime de Kim Jong-un considera que a resolução, aprovada na terça-feira, é um “ato de agressão dos Estados Unidos” que não permite ao país “abster-se de realizar um novo ensaio nuclear”, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte em comunicado divulgado pela agência estatal KCNA.

O Governo de Pyongyang rejeitou “completamente” a resolução da ONU que, “liderada pelos Estados Unidos, deseja derrubar o Estado socialista”, e também ameaçou “intensificar a capacidade de dissuasão militar” do país, segundo o comunicado.

A resolução não vinculativa foi aprovada com 111 votos a favor, 19 contra e 55 abstenções.

A ONU teve por base o texto elaborado por uma comissão, encarregada de se pronunciar especificamente sobre as violações aos direitos humanos e amplamente assente num relatório de 400 páginas da ONU divulgado em fevereiro, que concluiu, após uma longa investigação, que a Coreia do Norte cometeu violações dos direitos humanos “sem paralelo no mundo contemporâneo”.

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Durante um ano, os investigadores recolheram testemunhos de exilados norte-coreanos e documentaram a existência de uma vasta rede de campos de prisioneiros onde se encontravam encarceradas até 120.000 pessoas, bem como casos de tortura, execuções sumárias e violações.

A responsabilidade de todos estes abusos dos direitos humanos encontra-se ao mais alto nível do Estado, segundo a investigação liderada pelo juiz australiano Michael Kirby, que concluiu que estes se assemelham a crimes contra a humanidade.