“Vamos continuar a cumprir a nossa responsabilidade. Vamos fazer o que tivermos de fazer para acelerar a inflação e as expectativas de inflação o mais rapidamente possível, como nos obriga o nosso mandato de estabilidade de preços”, afirmou Mario Draghi numa conferência de banqueiros em Frankfurt. As palavras, fortes, assemelham-se à formulação utilizada por Mario Draghi em julho de 2012, quando prometeu “fazer tudo o que for necessário, dentro do mandato, para preservar a união monetária”. Os investidores estão a tomar a declaração como um sinal de que um programa de compra de dívida pública está iminente.
Mario Draghi voltou a usar uma conferência de investidores e banqueiros para enviar aquilo que os investidores estão a considerar uma mensagem muito forte ao mercado. O presidente do Banco Central Europeu reconheceu que “a situação no que diz respeito à inflação na zona euro tornou-se mais desafiante”. O BCE tem em curso um plano de compra de dívida privada mas os especialistas acreditam que este não será suficiente para cumprir o objetivo de expansão do balanço do banco central que Mario Draghi traçou.
É por isso que Mario Draghi diz que “vamos fazer o que tivermos de fazer para acelerar a inflação e as expectativas de inflação o mais rapidamente possível, como nos obriga o nosso mandato de estabilidade de preços”. A taxa de inflação mantém-se abaixo de 0,5% há vários meses e ficou-se pelos 0,4% em outubro, segundo o Eurostat. O objetivo de médio prazo do BCE é de 2%.
“Se a nossa atual trajetória de política não for suficientemente eficaz para conseguir isto, ou se se materializarem mais riscos para as perspetivas de inflação, iremos aumentar a pressão e alargar ainda mais os canais através dos quais intervimos, alterando a dimensão, intensidade e composição das nossas compras” no mercado, atirou Mario Draghi.
As bolsas europeias estão a subir e o euro a cair, numa reação dos mercados à perspetiva de mais estímulos por parte do banco central.
O italiano tem procurado formar consensos no seio do Conselho de Governadores do BCE para a possibilidade de o banco central avançar para um programa de compra de dívida pública em larga escala. As últimas notícias apontam para um número cada vez maior de governadores a considerarem que a compra de dívida pública poderá ter de ser equacionada. O opositor mais claro é o banco central alemão, que teme que essa medida possa “induzir complacência” nas reformas estruturais em alguns países e incentivar os governos a endividarem-se mais.