O secretário da Defesa norte-americano, Chuck Hagel, entregou esta manhã a demissão ao Presidente. Barack Obama deverá anunciar esta segunda-feira (às 11h10 hora local, 16h10 em Lisboa) a demissão de Hagel, a quem pediu na sexta-feira que se afastasse, escreve o New York Times.

Chuck Hagel, um republicano que foi senador do Nebraska, tornou-se o sucessor de Leon Panetta, secretário da Defesa durante o primeiro mandato de Obama. Hagel é a primeira baixa da administração desde que os democratas perderam terreno nas eleições intercalares do início de novembro e acontece num momento em que os Estados Unidos estão envolvidos na luta contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

A demissão de Hagel já era esperada há algum tempo, tendo sido discutida nas últimas semanas. Alguns jornais americanos escrevem que Hagel estava sob forte pressão da administração para se demitir. Uma fonte da secretaria da Defesa disse que Hagel e Obama concordaram que estava na altura de uma nova liderança no Pentágono, segundo o New York Times. O mesmo jornal escreve que esta foi a forma encontrada pela Casa Branca para reconhecer as críticas aos falhanços recentes na segurança nacional, como a resposta à crise do Ébola e à ameaça do Estado Islâmico.

A saída de Hagel, um veterano da Guerra do Vietname que se opôs à intervenção no Iraque, em 2003 – foi nessa altura que se terá aproximado de Obama, igualmente crítico da guerra – pode marcar uma mudança de rumo na resposta dos Estados Unidos ao Estado Islâmico. “Os próximos anos vão exigir uma abordagem diferente”, disse uma fonte anónima da Defesa norte-americana ao New York Times.

O mandato de Hagel foi marcado pela retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão e pela redução do orçamento do Pentágono. E pelas gaffes e momentos que embaraçaram a administração Obama. Em agosto, quando se desenhava a estratégia para lutar contra o Estado Islâmico, Hagel contradisse o presidente, que semanas antes comparara os jihadistas a uma equipa juvenil de basquetebol, desvalorizando a ameaça do grupo radical. Hagel foi por outra via. O Estado Islâmico “é uma ameaça iminente a todos os nossos interesses”, disse, acrescentando: “Nunca vimos nada assim”.

O secretário da Defesa demissionário deverá manter-se em funções até que o seu sucessor seja confirmado pelo Senado. Não se espera que Obama anuncie já esta segunda-feira um substituto. O Washington Post avança que a escolha pode cair sobre Michele Flournoy, uma antiga secretária da Defesa adjunta ou Ashton Carter, ex vice-secretário da Defesa, que foram preteridos em detrimento de Hagel, escolhido há dois anos. O New York Times acrescenta o nome de Jack Reed, um militar senador democrata de Rhode Island.

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