Dezenas de agentes judiciais e polícias começaram a remover esta terça-feira, sob um clima de tensão, mais barricadas no bairro de Mong Kok, um dos focos dos protestos pró-democráticos de Hong Kong, iniciados no final de setembro.
Cerca das 10h45 locais (02h45 em Lisboa), duas dezenas de agentes começaram a retirar mais barricadas, com os manifestantes, à semelhança de outras ocasiões, a não mostrarem resistência, apesar de entoarem palavras de ordem como “queremos sufrágio universal”.
À medida que a polícia e os funcionários judiciais prosseguiam com a operação, que afeta um troço de uma rua, a tensão entre os manifestantes e as autoridades foi aumentando. Em mais de uma hora, os agentes ‘limparam’ 15 metros de estrada, enquanto à medida que prosseguiam, surgiam novos obstáculos e inúmeros manifestantes sob a forte presença de jornalistas que dificultavam as tarefas.
A remoção desta terça-feira obedece a uma ordem judicial do Tribunal Superior de Hong Kong, que ditou a autorização da assistência da polícia na eliminação das barreiras de uma das ruas tomadas pelos manifestantes no densamente povoado bairro de Mong Kok.
Esta decisão surgiu na sequência de uma ação interposta por grupos de taxistas e uma empresa de autocarros que alegaram que os seus negócios estavam a sofrer com a interrupção do tráfego na zona.
Yvonne Leung, da Federação de Estudantes, disse à estação de televisão RTHK que os agentes não deram informação suficiente sobre a operação. “O mapa que nos mostraram não especificava exatamente que zonas vão ser desimpedidas”, criticou. O chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, já expressou confiança no trabalho da polícia e dos oficiais de justiça na remoção das barricadas.
Em comunicado, a polícia alertou que tomará medidas contra quem obstruir o trabalho de remoção das barricadas das ruas ou tiver um comportamento violento para com os agentes. Na semana passada, as autoridades avançaram com o desimpedimento da zona de Admiralty, de acordo com uma ordem do tribunal que autorizou a remoção das barricadas.
Os manifestantes pró-democracia ocupam há mais de sete semanas algumas das principais ruas da cidade em protesto contra a decisão de Pequim de escrutinar os candidatos a chefe do Governo antes de a população poder escolher o seu líder.
Para os manifestantes, a candidatura deveria ser livre e a escolha seria feita pela da população. Pequim autorizou que a população de Hong Kong escolha por sufrágio universal o seu líder que, no entanto, será alvo de uma pré-seleção por um comité eleitoral onde tem a maioria.