Em 2014, foram investidos 715 milhões de euros em imobiliário português, mais 130% do que no ano anterior, que totalizou cerca de 312 milhões de euros. Os dados foram avançados pela consultora imobiliária JLL, no estudo Market Pulse, esta terça-feira, e equiparam-se aos atingidos em 2008 (704 milhões de euros) e em 2010 (760 milhões). A maioria (86%) é de origem estrangeira.
Chineses, norte-americanos, britânicos, brasileiros, espanhóis e russos. Foram estes os investidores que optaram por adquirir imóveis em Portugal, com destaque para as compras feitas pelos primeiros. Os chineses foram os investidores mais dinâmicos: além de terem adquirido espaços residenciais e para reabilitação, também compraram edifícios de escritórios “com rendimento e bem localizados”, diz o comunicado enviado pela consultora.
Os investimentos foram feitos através de investidores privados ou institucionais. Os cinco grandes negócios do ano foram: um portefólio de imóveis detido pela Espírito Santo Ativos Financeiros (ESAF); venda dos edifícios da EDP no Marquês de Pombal; de um portefólio de supermercados Pingo Doce, do outlet Freeport e do centro comercial Alegro Alfragide.
“O volume de investimento no total de 2014 de 715 milhões de euros confirma uma retoma plena do mercado imobiliário nacional e da sua projeção internacional (…). 2015 terá tudo para dar sequência a este crescimento e poderá ser mesmo um ano recorde em termos de investimento, tendo em conta algumas operações de grande dimensão que estão a ser negociadas e que não foram concretizadas em 2014″, disse Pedro Lancastre, diretor geral da JLL Portugal.
O investimento aconteceu, sobretudo, no retalho, que captou 58% do capital. Seguiram-se os escritórios, com 26%, e o imobiliário industrial e de logística com 15%. “Os preços competitivos aliados a rentabilidades elevadas e às perspetivas de melhoria das condições económicas vão continuar a estar na base da aposta que os investidores fazem em Portugal“, acrescentou Pedro Lancastre.
No mercado de escritórios, os dados são animadores: um crescimento entre 30% e 40% face ao ano anterior. A consultora adianta que o mercado de escritórios deve ter absorvido entre 100 mil e 110 mil metros quadrados em 2014 e que estes dados refletem “um aumento dos níveis de confiança” das empresas e uma mudança nas estratégias imobiliárias. Porquê? Porque aproveitaram o momento “ainda favorável ao inquilino para se instalarem em escritórios de qualidade superior, melhor localizados e em condições que poderão deixar de ser tão vantajosas já este ano”, explica a consultora.
“Já começa a assistir-se a alguma escassez do lado da oferta em termos de adequação aos requisitos da procura, pelo que a ‘pequena’ dimensão do nosso mercado poderá limitar uma retoma que poderia ser ainda mais expressiva”, referiu Pedro Lancastre.
A consultora adianta que as rendas se mantiveram inalteradas no último trimestre de 2014 e que é possível assistir a um crescimento moderado nalguns edifícios, já em 2015. A zona do Parque das Nações, em Lisboa, deverá ser a primeira a inverter esta tendência, porque tem registado “bons níveis” de procura para uma oferta mais reduzida.
“O ano de 2014 foi a confirmação da inversão do ciclo de queda nos escritórios e consolidou o percurso de crescimento do comércio de rua, com muita procura por parte de lojistas e consumidores. Quer para os escritórios quer para o retalho, as expectativas são otimistas, prevendo-se que a tendência de crescimento tenha vindo para ficar”, disse Pedro Lancastre.
Em 2014, abriram 30 novas lojas nas principais zonas de comércio de Lisboa. A Avenida da Liberdade e a zona do Chiado são os principais destinos, com marcas como a Boss, Hacket, fendi, Benefit ou a Guess a abrirem lojas nestes sítios. Segundo a consultora, o comércio de rua tem sido impulsionado pelas novas tendências nos hábitos de consumo dos portugueses e pelo crescimento do mercado turístico. No Porto, a Rua de Santa Catarina mantém-se como principal eixo de comércio, mas a zona dos Clérigos também tem vindo a ganhar relevância no mercado nortenho.