A Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) confirmou que já recebeu o relatório da auditoria da consultora PwC sobre os empréstimos de tesouraria efetuados pela PT SGPS a empresas do Grupo Espírito Santo, nomeadamente o investimento na Rioforte.

Fonte oficial do regulador confirmou que o relatório foi entregue na terça-feira à noite, um dia marcado por buscas quer nas instalações da administração da PT SGPS, em Picoas, Lisboa, quer na consultora PriceWaterHouseCoopers (PwC).

Na base destas buscas esteve o investimento realizado em abril pela Portugal Telecom SGPS em papel comercial da Rioforte, ‘holding’ do Grupo Espírito Santo (GES), que deixou um ‘buraco’ de 847 milhões de euros na empresa portuguesa, depois de não ter sido reembolsada em julho conforme o estipulado, e mudou o rumo previsto no acordo inicial da fusão com a Oi.

Em causa está ainda o relatório da auditoria da PwC, pedida pelo conselho de administração da PT SGPS em agosto, sobre os empréstimos de tesouraria efetuados desde 2000 pela PT SGPS a empresas do GES, nomeadamente o investimento na Rioforte.

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Na terça-feira a TVI noticiou que a auditoria aponta para conclusões explosivas: a PT teve de se endividar para fazer aquele investimento na RioForte, ajudando assim o GES a garantir liquidez nos meses finais, antes da queda do grupo.

Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República também informou que as buscas realizadas na PT SGPS inseriram-se numa investigação sobre suspeitas de participação económica em negócio e burla qualificada, investigando-se aplicações financeiras realizadas pela empresa.

Nestas diligências, segundo a PGR, o Ministério Público foi coadjuvado pela CMVM, pela Polícia Judiciária (PJ) e pela Autoridade Tributária (AT).

O inquérito, que está em segredo de justiça, decorre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estrutura do MP que investiga a criminalidade organizada mais grave e sofisticada.

O empréstimo à Rioforte semeou a discórdia entre a PT SGPS e a Oi, tendo esta última forçado o seu parceiro português a assinar um novo acordo de fusão, ficando a PT SGPS com uma participação mais reduzida na futura entidade, a CorpCo, (25,6%).

As buscas ocorrem a menos de uma semana dos acionistas da PT SGPS decidirem sobre a venda da PT Portugal, ativo detido a 100% pela Oi, desde o aumento de capital de maio, ao grupo francês Altice.