A Portugal Telecom SGPS teve que se endividar para recolher os recursos necessários destinados a subscrever instrumentos de dívida de empresas do Grupo Espírito Santo (GES), segundo o relatório de auditoria realizado pela PwC e citado pela TVI. Esta é uma das conclusões daquele documento, em que a auditora se queixa de não ter tido acesso a toda a informação necessária para averiguar as relações entre a empresa e as unidades do GES que financiou. E contraria a tese de que os investimentos feitos em dívida do GES correspondiam a simples aplicações de excedentes de tesouraria da PT.

Em maio de 2013, por exemplo, a PT SGPS contratou um financiamento de mil milhões de euros, aumentando, desta forma, o seu endividamento, com o objetivo de poder aplicar 500 milhões de euros na holding Espírito Santo International (ESI), concluiu a PwC. O relatório elaborado pela auditora revela, ainda, que houve financiamentos combinados por altos quadros da PT e do GES. Entre eles, Luís Pacheco de Melo, administrador financeiro da PT, assim como Amílcar Morais Pires, gestor financeiro do Banco Espírito Santo (BES).  

A TVI, citando o relatório, refere que um encontro realizado em março de 2014, quando várias empresas do GES já se encontravam em graves dificuldades financeiras, teve como participantes os responsáveis financeiros da holding de telecomunicações e da instituição financeira que seria alvo de resolução no início de agosto do ano passado. Pacheco de Melo estaria no encontro a pedido de Henrique Granadeiro, presidente executivo da PT, enquanto Morais Pires estaria presente a solicitação de Ricardo Salgado, líder executivo do BES.

Em abril de 2014, como confirmou nesta terça-feira, no Parlamento, João Rodrigues Pena, antigo chief executive officer da Rioforte, holding do GES e, a par da ESI, beneficiária dos financiamentos concedidos pela PT, vencia papel comercial emitido por aquela empresa e era necessário renovar o empréstimo de curto prazo, o que acabou por suceder. No entanto, o papel comercial subscrito pela PT jamais foi reembolsado, o que gerou uma perda que se aproxima de 900 milhões de euros. A PwC afirma que a PT SGPS não avaliou os riscos das aplicações que estava a concretizar.

As conclusões do trabalho realizado pela PwC referem que Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, líder executivo da Oi, empresa brasileira com quem a PT está, ainda, em processo de fusão, tinham conhecimento de tudo o que se passava nas relações de financiamento entre a PT e as empresas do GES que estavam mergulhadas em dificuldades de financiamento.

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