“A morte do Banco Espírito Santo (BES) foi um desastre” para Portugal, afirmou Alexandre Soares dos Santos numa entrevista que é publicada neste sábado pelo jornal i. O empresário, acionista de referência do grupo familiar Jerónimo Martins, acrescentou que o desaparecimento da instituição significou o “descrédito da iniciativa privada”. Soares dos Santos considera que “assim como é preciso ter confiança nos políticos, é preciso ter confiança nos conselhos de administração” das empresas.
“Tenho ouvido períodos largos da comissão de inquérito ao BES e estou cada vez mais confundido”, confessou o empresário, que não poupa críticas aos reguladores. “Um regulador que falhou deve ir pura e simplesmente para a rua”, disse Soares dos Santos, que questiona: “porque é que o regulador [Banco de Portugal] não atuou em tempo e porque é que acabaram com o BES”? O antigo líder da Jerónimo Martins, empresa proprietária, entre outros negócios, da rede de distribuição Pingo Doce, manifestou a esperança de que, sobre o caso que envolve a derrocada do BES e do Grupo em que se integrava, “se venha a saber a verdade”.
Cético sobre os partidos e os políticos, Alexandre Soares dos Santos identifica-se como “democrata-cristão convicto”, mas adianta: “não me revejo em nenhum partido político português”. O empresário considera que “não temos democracia-cristã, não temos social-democracia, não temos socialismo” e defende o ponto de vista de que, em Portugal, “a única coisa séria que existe” é o “Partido Comunista ortodoxo”. Sobre a organização comandada por Jerónimo de Sousa, Soares dos Santos refere: “pelo menos sei quem são. E nalgumas câmaras do país são até os melhores”.
Confrontado pelo i com o facto de ter afirmado que contrataria o antigo primeiro-ministro José Sócrates, agora detido preventivamente em Évora, indiciado por corrupção, branqueamento de capitais e evasão fiscal, o empresário esclareceu que acolheria o antigo líder do PS “como trainee [estagiário] e tentaria mudá-lo. Se não mudasse tinha de o pôr na rua”. Alexandre Soares dos Santos é da opinião que Sócrates “é uma pessoa com determinação, com força. O problema dele é a mentira. Sócrates raramente diz a verdade. E não podemos ter um primeiro-ministro que mente”.