O número de cidadãos franceses e residentes em França que se juntaram ao Estado Islâmico subiu de 555 para 1281 em apenas um ano, o que representa um aumento de 130%, escreve o jornal Le Figaro. Estes números significam que a França é o país europeu que mais fornece militantes para o grupo radical.
Os dados a que o Le Figaro teve acesso dizem respeito ao período entre 1 de janeiro de 2014 e 16 de janeiro de 2015, nove dias depois do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. “Não passa uma semana em que não registemos entre dez a quinze novos casos”, disse uma fonte da segurança francesa ao Le Figaro.
Os serviços secretos franceses estimam que 250 franceses ou residentes em França estão em trânsito para o Estado Islâmico, ainda que, muitas vezes, não o façam de forma direta. “Para tentarem escapar aos controlos, alguns partem em autocarros que passam pelos Balcãs ou pela Tunísia, onde permanecem por um tempo em campos onde aprendem a Sharia. Outros acreditam despistar as autoridades ao apanhar o avião depois de chegarem a Genebra, Frankfurt, Barcelona ou Madrid”, disse um polícia ao Le Figaro.
Há 94 mulheres neste grupo. Segundo o jornal francês, estas mulheres têm, em média, 25 anos, partem em nome de ideais humanitários e acabam reduzidas a escravas sexuais. Nenhuma regressou a França.
O regresso à Europa
Cerca de 240 jiadistas franceses já abandonaram a Síria, apresentando sinais de choque pós-traumático semelhantes aos dos veteranos da guerra do Vietname. Entre estes, 190 terão regressado a França, de acordo com o Le Figaro.
Na semana passada, o think tank Tony Blair Faith Foundation, que luta conta o extremismo, revelou que cerca de 1300 europeus jiadistas tinham regressado ao continente depois de lutarem nas fileiras do Estado Islâmico, como noticiou a Newsweek. O grupo formado pelo antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair acredita que estes radicais regressam ao continente para espalhar a sua mensagem na Europa. “Estes elementos que regressam são uma força poderosa e uma ameaça significativa. Ao encontrarem outros jovens muçulmanos nas mesquitas ou nos centros comunitários podem apresentar-se como heróis que regressaram das trincheiras da jiad no Iraque e na Síria”, disse Ed Hussain, um conselheiro da Fundação, à Newsweek.
O Centro Internacional para o Estudo do Radicalismo do King’s College chegou à conclusão que mais de 2580 europeus deixaram os seus países para se juntarem ao EI no Iraque e na Síria. No entanto, o dirigente da Interpol europeia, Rob Wainwright, disse na semana passada que esse número ronda os 3000 e os 5000.