A diplomacia pode não chegar. É a opinião da chanceler alemã Angela Merkel que disse, este sábado, que a crise vivida na Ucrânia “não pode ser resolvida por meios militares” e que “passos substanciais” são precisos na mediação do conflito. As declarações foram feitas no decorrer da Conferência de Segurança em Munique, onde a chefe de Estado da Alemanha se mostrou hesitante face aos últimos esforços de paz: “Não há certezas de que serão bem-sucedidos”. “De todo o modo, vale a pena tentar”, acrescentou.
Também François Hollande, o presidente francês, se manifestou no mesmo sentido, afirmando que esta é “uma das últimas oportunidades” para a alcançar a paz. “Se não encontrarmos não apenas um compromisso, mas um acordo de paz duradouro, sabemos perfeitamente qual será o cenário. Tem um nome, chama-se guerra”, comunicou aos jornalistas na cidade francesa de Tulle, citado pela Reuters.
Hollande e a chanceler alemã reuniram-se em Moscovo, na passada sexta-feira, com o chefe de Estado russo. A reunião que durou cerca de cinco horas teve com objetivo chegar a um acordo sobre a crise na Ucrânia, bem como pôr fim aos combates que têm assolado o país. No final das negociações ficou acordado que um texto para um futuro plano de paz seria elaborado — segundo o porta-voz de Putin, as negociações foram “construtivas”. Este encontro foi antecedido por outro, realizado em Kiev na quinta-feira, cujos protagonistas foram Hollande, Merkel e Petro Perochenko, o presidente ucraniano.
“Ainda não tivemos experiências suficientemente boas”, afirmou Merkel, no decorrer da conferência e tendo em conta acordos já antes firmados, embora admita que a solução não passe por desistir de os fazer. Merkel duvida ainda da ideia de fornecer armas à Ucrânia, teoria que alguns oficiais norte-americanos têm defendido na última semana, assegura a Fox News. Para Merkel, enviar armas para ajudar a Ucrânia no combate aos militares pró-russos não é maneira de resolver a crise. Apesar disso, segundo escreve a Reuters, um senador norte-americano acusou Berlim de virar as costas a um aliado em apuros.
A chanceler acrescentou ainda que a Rússia mostrou desrespeito pela paz e pela integridade territorial, diz a CNN, e que as ações de Moscovo na Ucrânia vão contra os compromissos em questão — só nas últimas 24 horas morreram seis civis em ataques com fogo de artilharia contra Donetsk, a principal praça-forte rebelde no leste da Ucrânia (informação foi divulgada pelos rebeldes pró-russos) e cinco soldados ucranianos, segundo acrescenta a Reuters.
O próximo passo nas negociações já está agendado e remete para o próximo domingo, 8 de fevereiro, quando Merkel, Hollande e Poroshenko se sentarem para uma conferência telefónica com o presidente Russo, Vladimir Putin. A iniciativa de paz franco-alemão tem o aval dos Estados Unidos e da União Europeia, e acontece 10 meses após o início do conflito que, assegura a Lusa, já provocou 5.300 vítimas mortais, além de uma crise internacional.