A Comissão Europeia está a par do descontentamento dos Governos português e espanhol face às recentes declarações do primeiro-ministro grego, mas escusa-se a comentar o caso, até porque o seu papel é o de conciliador, disse fonte comunitária.
A mesma fonte confirmou à Lusa que a Bruxelas não chegou qualquer missiva formal de protesto, embora a Comissão tenha conhecimento, por outros meios, do incómodo em Lisboa e Madrid com as declarações de Alexis Tsipras, que se escusa a comentar, já que, sustentou, o papel do executivo comunitário é o de “mediador” e de “aproximar as partes”, como sucedeu nas recentes negociações em sede do Eurogrupo, e não tomar partido.
“O que interessa é o acordo” alcançado no Eurogrupo, em fevereiro, para o prolongamento da assistência financeira à Grécia, e que foi facilitado também pela Comissão Europeia, completou fonte comunitária.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho já indicara hoje à Lusa que o Governo português manifestou a sua perplexidade perante “acusações infundadas” do primeiro-ministro grego através de canais diplomáticos, mas não escreveu qualquer carta de protesto.
Segundo a mesma fonte, Pedro Passos Coelho, não falou nem com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nem com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, nem lhes endereçou qualquer missiva de protesto sobre as acusações de Alexis Tsipras de que Portugal e Espanha teriam tentado bloquear um acordo no Eurogrupo.
O gabinete do primeiro-ministro confirma, contudo, a existência de “contactos através de canais diplomáticos” para sublinhar a perplexidade do Governo português perante acusações que classifica de infundadas de Alexis Tsipras.
Hoje, fonte do executivo espanhol tinha afirmado que Portugal e Espanha enviaram às presidências da Comissão Europeia e do Conselho Europeu um protesto conjunto contra as declarações de Alexis Tsipras, cuja iniciativa teria partido de Lisboa.
No sábado, numa reunião do comité central do seu partido, Syriza, Tsipras afirmou que, no Eurogrupo, a Grécia se deparou “com um eixo de poderes, liderado pelos governos de Espanha e de Portugal que, por motivos políticos óbvios, tentou levar a Grécia para o abismo durante todas as negociações”.
“O seu plano era e é desgastar-nos, derrubar o nosso Governo e levá-lo a uma rendição incondicional antes que o nosso trabalho comece a dar frutos e antes que o exemplo da Grécia afete outros países, principalmente antes das eleições em Espanha”, previstas para o final deste ano, acrescentou, citado pela agência espanhola Europa Press.