António Costa voltou a ser o centro das atenções do PSD no arranque das jornadas parlamentares do partido, que decorrem entre esta segunda e terça-feira no Porto. Mas não só como exemplo negativo e alvo de críticas. Desta vez, ironicamente, o líder do PS também mereceu manifestações de “apoio” político por parte de dirigentes social-democratas. “António Costa não está sozinho e poderá contar connosco para o apoiar naquilo que é melhor para Portugal”, disse o porta-voz e vice-presidente do partido, Marco António Costa, perante uma plateia cor de laranja. E não, “isto não é chicana política”.

É notório que o “tiro no pé” de António Costa, dado quando elogiou a recuperação de Portugal nos últimos quatro anos perante uma plateia de representantes da comunidade chinesa, vai ser uma bandeira do PSD erguida muito possivelmente até à campanha para as legislativas. Começando por ironizar com as declarações de Costa, que disse que o país estava “bastante diferente” desde há quatro anos, Marco António acabou a mostrar “disponibilidade” do PSD para “pensar o futuro” com o Partido Socialista.

“Por muito que o critiquem dentro do PS, o doutor António Costa tem em nós um apoiante para o ajudar a defender aquilo que afirmou, porque ele tem razão, e quem tem razão não merece ser atacado internamente”, afirmou o porta-voz social-democrata, entre risos da plateia, acrescentando de seguida que a afirmação não tinha “qualquer chicana política”. Ou seja, se o PS reconhece “as melhorias” no cenário económico-social, então o PSD está disponível para o apoiar e “discutir a situação política do país”. Não só o passado mas também o futuro.

Antes, também o líder parlamentar, Luís Montenegro, tinha aproveitado a maré da “chinesice” de Costa para dar razão a…António José Seguro. “Ele [António Costa] e o PS podem estar envergonhados por ter dito aquilo que pensava. Parece que diz o que diz mediante as pessoas que tem pela frente. Afinal, quando António José Seguro dizia isto sabia o que estava a dizer sobre António Costa”, atirou.

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Apelo democrático ao PS

Numa intervenção durante o primeiro dia das jornadas do PSD, dedicadas aos temas económicos do turismo e da indústria, Marco António Costa fez uma retrospetiva das várias etapas por que o partido já passou nesta legislatura, incluindo uma (durante o programa de assistência da troika) em que “estivemos sozinhos”, já que “até muitos dos nossos tiveram vergonha de levantar a voz para nos defender”, para terminar com um “apelo democrático” aos socialistas: “não se escondam mais”.

“Não se escondam mais nas guerrilhas internas, nas diferenças de opinião entre o velho e o novo PS, não se escondam mais nas ambiguidades”, pediu o vice-presidente social-democrata, alegando que a falta de “um programa estratégico” do PS “é má para a democracia”. “Uma democracia não é plena se os eleitores não puderem escolher entre duas propostas concretas”, rematou.

E numa altura em que Pedro Passos Coelho está debaixo de fogo por alegadas dívidas antigas à segurança social, Marco António Costa, que já tinha recordado como os socialistas “fugiram” quando foram chamados ao debate do Orçamento do Estado para 2015, voltou a lançar o repto ao partido da oposição para discutir reformas importantes como a da Segurança Social.