Miguel Ângelo é conhecido, sobretudo, por ter dado cor e desenho aos frescos que cobrem o teto da Capela Sistina, no Vaticano. O italiano, além de pintor, escultor e arquiteto, também escrevia. O hábito, dizem os historiadores, era que Miguel Ângelo ditasse as palavras para alguém as escrever e, depois, o artista apenas assinar no fim. Nos arquivos do Vaticano, porém, constava uma das raras cartas escritas pelo próprio. E esta frase está formulada no tempo passado por uma razão — porque se soube que a carta foi roubada. O problema é que já o foi há 18 anos.
Em 1997, Virgilio Noè, então responsável pelos arquivos da Santa Sé, foi informado de que faltariam alguns documentos — entre eles a tal carta, escrita e assinada por Miguel Ângelo, e outro documento com a assinatura do pintor Renascentista. Mas o roubo seria omitido e do desconhecimento público até Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, revelar este domingo que a Santa Sé recebera um pedido de resgate.
Um pedido, lá está, que a troco do pagamento de uma quantia entre os 100 e os 200 mil euros, devolveria as cartas roubadas há 18 anos. A proposta foi enviada a Angelo Comastri, cardeal que gere a Basílica de São Pedro, da qual os documentos terão sido retirados, por um alegado ex-funcionário do Vaticano, como noticiou o Il Messaggero.
O cardeal “naturalmente negou” a proposta, sublinhou o porta-voz, ao informar que a Santa Sé está em contacto com as autoridades para “garantir a proteção do seu património cultural”. Lombardi, contudo, não indicou as razões que levaram o Vaticano a omitir, até agora, o desaparecimento dos dois manuscritos da autoria de Miguel Ângelo.