O Presidente da República disse esta quarta-feira que não definiu nenhum perfil do seu sucessor no cargo, mas apenas chamou a atenção para a competência reforçada que hoje existe na política externa.

“Eu não defini nenhum perfil, não entendo como é que alguém que tenha lido cuidadosamente tudo aquilo que eu escrevi possa encontrar lá alguma coisa relacionada com algum ato eleitoral”, afirmou Cavaco Silva, ao ser questionado sobre as leituras feitas sobre eventuais candidatos à sua sucessão no prefácio do “Roteiros IX”, publicação que reúne as suas principais intervenções do último ano.

Ao falar em Alqueidão, concelho de Ourém, distrito de Santarém, no final de um dia dedicado à floresta, o Chefe de Estado salientou que na obra se limitou, face à sua experiência em matéria de política externa “e face ao aumento do papel do presidente na área dos interesses nacionais no campo externo”, a chamar “a atenção de todos, em geral, para esta competência reforçada que hoje existe no campo da nossa política externa”.

“Por isso dá-me um pouco vontade de rir quando alguns imaginam que eu vim defender qualquer perfil”, declarou.

Adiantando existirem “pessoas que pensam que uma função do Presidente da República é envolver-se nas intrigas político-partidárias, nos comentários de polémicas político-partidárias”, o Chefe de Estado admitiu que “isso pode interessar e pode entreter os media e os comentadores mas, do ponto de vista do superior interesse nacional, conta zero”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para Cavaco Silva, é “fundamental hoje o Presidente da República ter uma preparação para defender os interesses nacionais nas matérias mais variadas que se colocam a um país, principalmente num tempo de diplomacia económica, em que o país enfrentou algumas dificuldades em negociações internacionais e o papel acrescido que o Presidente da República tem hoje no campo das missões destacadas pelo estrangeiro em relação” às Forças Armadas.

No prefácio do “Roteiros IX”, que reúne as suas principais intervenções do último ano, Cavaco Silva aponta a política externa como uma das principais funções do chefe de Estado, sublinhando a necessidade de coordenação e concertação com o Governo, porque “a voz de Portugal” deve ser a mesma.

“Assistiu-se neste início do século XXI, a um reforço do papel do Presidente no domínio da política externa de tal forma que esta é hoje uma das suas principais funções”, refere o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no documento divulgado na segunda-feira.

Partindo de excertos do livro “Os Poderes do Presidente da República, especialmente em matéria de defesa e política externa”, publicado pelos constitucionalistas Gomes Canotilho e Vital Moreira” em 1991, Cavaco Silva dedica o prefácio do “Roteiros IX” à diplomacia presidencial.”

“Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os ‘dossiers’ relevantes para o país”, sublinha Cavaco Silva.

A jornada do chefe de Estado dedicada à floresta terminou hoje na empresa Madeca, unidade de tratamento e crivagem de casca de pinheiro, que produz anualmente 120 mil metros cúbicos da casca, dos quais 90 por cento são exportados, sobretudo para o mercado holandês, para viveiristas de orquídeas.