O primeiro-ministro português discutiu o empréstimo do BES ao BESA (Banco Espírito Santo Angola) com o vice-presidente de Angola dois dias antes da decisão de aplicar uma medida de resolução ao banco português. Em resposta às perguntas da comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES, Pedro Passos Coelho revela que trocou impressões com o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, no final de julho do ano passado, pedindo uma “clarificação quanto ao financiamento anteriormente disponibilizado pelo BES ao BESA”. Manuel Vicente explicou que, do que era do seu conhecimento, não seria possível às autoridades angolanas encontrar uma solução “no curtíssimo prazo em poderia ser relevante para a estabilização do BES”.

O tema estava a ser tratado entre os bancos centrais dos dois países, designadamente no que toca à garantia soberana concedida por Luanda ao BESA, e que protegia do BES do risco de incumprimento na operação em Angola.

Passos refere uma conversa tida a 30 de julho, dois dias antes decisão de aplicar uma medida de resolução e na data em que foram conhecidos os resultados semestrais do BES que precipitaram a intervenção. Luanda retirou a garantia de Estado depois da resolução e o capital do Novo Banco teve de refletir uma parte substancial das perdas decorrentes deste desfecho. O Banco de Angola avançou entretanto com uma intervenção no BESA que levou ao reconhecimento da perda de 80% do empréstimo concedido a esta participada no BES, da ordem dos 3,3 mil milhões de euros.

 

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