O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, afirmou em Bruxelas que, “por enquanto é difícil” ter uma relação mais estável com o presidente da federação russa, pois Vladimir Putin prossegue uma “política de confrontação”.

Falando à saída de uma reunião de chefes de diplomacia da UE, Rui Machete, questionado sobre as mais recentes declarações de Putin, que no domingo garantiu que, há um ano, estava preparado para dar uma resposta nuclear a uma eventual intervenção ocidental na Crimeia, observou que tal faz parte de um discurso de “confrontação” e “amedrontamento”, que só “inquieta” por significar que esta tónica continua.

“O senhor Putin segue uma política de confrontação e de tentar amedrontar a UE. Mas isso naturalmente suscita alguma inquietação, não tanto porque se acredite que essas ameaças venham a concretizar-se, mas porque isso significa que a política de confrontação da Federação Russa vai continuar”, observou o chefe de diplomacia portuguesa.

Questionado sobre a ideia da criação de um “exército europeu”, o ministro apontou que esse é “um problema sensível” e que ainda não foi suficientemente discutido para o Governo ter um “ponto de vista definitivo”, mas reiterou que, no caso da Rússia, a solução deve passar pela via diplomática.

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“Achamos que deve haver uma estratégia na UE em relação à federação russa, mas isso não se traduz necessariamente na criação de um exército ou de uma política de confrontação, pelo contrário. Pensamos que será útil, se possível, que passado este momento de crispação e se resolvidas algumas questões essenciais, que não sabemos se conseguiremos resolver, teremos uma relação muito mais estável com o senhor Putin. Por enquanto, é difícil que isso aconteça, efetivamente”, declarou Rui Machete.

No domingo, o Presidente russo declarou que Moscovo “estava pronto”, em março passado, a colocar em estado de alerta as forças nucleares em caso de intervenção militar ocidental na Crimeia, península ucraniana anexada há um ano pela Rússia.

“Estávamos prontos” para responder a um “desenvolvimento menos favorável dos acontecimentos”, disse Vladimir Putin, cujas declarações foram reproduzidas por escrito pela cadeia pública de televisão Rossia 1, antes da difusão de um documentário.

Putin indicou que o exército russo tinha posicionado na Crimeia baterias de mísseis de defesa costeira “Bastion”, armas suscetíveis de dissuadir um navio de guerra dos Estados Unidos, então no mar Negro, de intervir.

Na reunião de chefes de diplomacia dos 28, a UE voltou a condenar a “anexação ilegal” da Crimeia pela Rússia, consumada há um ano, e manifestou preocupação pela “crescente militarização” da península.