A Grécia está a preparar um projeto de lei que irá transformar a agência que gere as privatizações num fundo de riqueza soberano. Um fundo que irá usar o encaixe com a venda de ativos públicos para financiar prestações sociais, anunciou a ministra-adjunta das Finanças esta terça-feira, dia em que haverá uma teleconferência de ministros da zona euro a partir das 15h30 de Lisboa.

As receitas que a Grécia vier a ter com privatizações não serão usadas para abater na dívida pública mas para financiar políticas de apoios sociais, afirmou Nadia Valavani, a adjunta de Yanis Varoufakis, citada pela Reuters. A medida poderá aumentar as tensões entre o governo grego e outros responsáveis da zona euro, já que a assistência financeira prestada a Atenas implicava que a Grécia aumentasse as privatizações para reduzir o peso do Estado na economia e para obter receitas que ajudassem a diminuir o fardo da dívida do país.

“Teremos um novo fundo de riqueza soberano. E as receitas serão usadas para financiar as políticas sociais do governo e para apoiar o sistema de segurança social”, explicou Nadia Valavani.

A responsável disse numa comissão parlamentar que a legislação, que será apresentada nas próximas semanas, irá fundir a atual agência de privatizações – a HRADF – com a empresa que gere o património do Estado – a ETAD – para criar esta nova entidade. Uma entidade que será presidida por Asterios Pitsiorlas, um empresário ligado ao turismo, e Antonis Leoussis, que liderava a divisão de imobiliário no Alpha Bank.

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As receitas do HRADF dececionaram desde o início, o que mereceu várias críticas aos sucessivos governos de não cumprimento das metas de privatizações. As privatizações na Grécia resultaram num encaixe de cerca de três mil milhões de euros desde 2011, face aos 22 mil milhões inicialmente previstos.

Teleconferência de ministros das Finanças às 15h30 de Lisboa

Os ministros das Finanças vão ter uma teleconferência esta tarde, pelas 15h30 de Lisboa, segundo a Bloomberg. A agência diz que a Grécia é o tema principal em discussão.

O Observador tentou obter uma confirmação junto de fonte oficial do Ministério das Finanças mas ainda não obteve resposta.

A teleconferência surge numa altura em que se agravam, a cada dia, os problemas de financiamento do Estado grego, que quarta-feira tentará fazer um leilão de dívida para ajudar a corresponder às elevadas necessidades de refinanciamento agendadas para os próximos dias.

Este problema de financiamento do Estado grego levou Alexis Tsipras, o primeiro-ministro, a pedir ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que organize uma reunião entre Tsipras, Angela Merkel, François Hollande, Jean-Claude Juncker e Mario Draghi, o presidente do BCE, para ser realizada à margem da reunião do Conselho Europeu de quinta e sexta-feira.