As Nações Unidas decidiram reabrir uma investigação para apurar as causas da misteriosa morte do seu ex-secretário-geral, Dag Hammarskjöld, em 1961. A reabertura da investigação surge depois de terem surgido, nos últimos anos, algumas evidências de que o avião onde seguia não sofreu um acidente e poderá afinal ter sido abatido. Para isso foi criada já uma comissão independente.

O avião onde seguia Dag Hammarksjöld, a 18 de setembro de 1961, em plena missão de paz para negociar com os rebeldes em Katanga (uma província separatista do Congo, a mais rica em diamantes e outros minérios, apoiada por mercenários belgas e pelos governos do Ocidente), caiu misteriosamente no mato, na atual Zâmbia, e matou as 16 pessoas que iam a bordo. Na altura, o acidente acabou por ser atribuído a um erro do piloto, sem contudo se terem confirmado as causas.

Já passaram mais de cinco décadas, mas nem por isso a ONU desistiu de apurar os factos da morte e enquanto os resultados da nova investigação não chegam, há já quatro teorias para a morte do ex-diplomata sueco, que o Telegraph elencou.

1ª teoria: Um erro do piloto

Esta foi a primeira causa atribuída ao acidente que vitimou o ex-secretário-geral das Nações Unidas, em 1961. Na altura houve três grandes inquéritos, dois foram inconclusivos e um terceiro, elaborado pelo governo da Rodésia, falou de um erro do piloto, algo “normal” quando se viaja em África, sobretudo para territórios desconhecidos e à noite.

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Dias depois o ex-presidente Harry Truman prestou declarações enigmáticas. “Dag Hammarskjöld estava prestes a conseguir alguma coisa quando o mataram. Reparem que eu disse ‘quando o mataram’”, frisou Truman aos jornalistas.

2ª teoria: Foram os americanos a abater a tiro o avião

Quando a turbulência em redor do território e dos minerais piorou no Congo, Hammarskjöld enviou tropas da ONU para apoiar o primeiro-ministro Patrice Lumumba. Era conhecida a opinião que o Presidente John F. Kennedy tinha sobre Lumumba: considerava-o uma força desestabilizadora e um possível aliado soviético.

Do lado das evidências, o Telegraph recorda os testemunhos de dois agentes dos serviços secretos norte-americanos que estavam em postos de escuta naquela noite do acidente. Um revelou ter ouvido nas transmissões de rádio uma voz a dizer: “Os americanos derrubaram o avião das Nações Unidas”. E o outro disse ter ouvido alguém dizer: “É o avião… Eu abati-o. Está a cair”.

3ª teoria: Industriais europeus podem ter sido os responsáveis

Os interesses no Congo, e em específico na província de Katanga, pela riqueza das suas terras, eram muitos e por isso mesmo Hammarskjöld, que lutou pela manutenção da paz no Congo, era odiado não apenas pelos norte-americanos, como também reunia poucas amizades do lado dos industriais europeus, como os britânicos, que estavam a perder o controlo das minas no país.

De acordo com o Guardian, os dois principais assessores do ex-secretário-geral estavam convencidos de que mercenários tinham sido contratados para abater o avião e que o governo britânico terá ajudado a encobrir os atos.

4ª teoria: Um piloto belga e um acidente

A britânica Susan Williams, que escreveu um livro sobre a misteriosa morte de Hammarskjöld, disse que um piloto belga chamado Beukels confessou ter abatido o avião “por acidente” depois de ter falhado a trajetória quando se preparava para desviar para uma pista de aterragem diferente.

 

Terias, como se vê, há muitas. Os novos trabalhos de investigação vão começar a 30 de março e até 30 de junho esta comissão terá de enviar um relatório ao secretário-geral da ONU, de acordo com um comunicado divulgado há dias por Ban Ki-moon. Essa comissão será presidida por um juiz da Tanzânia, Mohamed Othman, e irão participar nela a especialista em aviação australiana, Kerryn Macaulay, bem como o dinamarquês especialista em balística, Henrik Larsen.