Portugal e Guiné-Bissau retomaram a cooperação técnico-militar suspensa há cerca de dois anos depois de um golpe de Estado naquele país. A ocasião foi assinalada esta semana através de um protocolo assinado pelos ministros da Defesa dos dois países, José Pedro Aguiar-Branco e Cadi Seidi.

Esta iniciativa acontece numa altura em que a república da Guiné-Bissau, um dos países mais pobres de África, se encontra a regressar à normalidade constitucional depois de anos de conflitos armados. Segundo a ministra da Defesa da Guiné-Bissau, “o clima de paz que o país começa a atravessar” constitui ainda um sinal promissor do novo rumo que a Guiné-Bissau pretende obter junto da comunidade internacional.

O protocolo assinado prevê a doação de dois botes pneumáticos completamente equipados para reforçar a capacidade de fiscalização da Marinha da Guiné-Bissau e o envio temporário de uma equipa de engenheiros militares portugueses com o objetivo de identificar e avaliar as necessidades de reconstrução das infraestruturas das Forças Armadas guineenses.

O programa vem ainda assegurar o destacamento de militares portugueses para assessorar a reforma da estrutura superior das Forças Armadas. Ao mesmo tempo, e de forma a responder às necessidades mais imediatas, o Governo português vai reativar o programa de ensino militar em Portugal com a abertura de vagas gratuitas nas instituições de ensino militar já no próximo ano letivo. Na sequência da retoma das relações diplomáticas com a Guiné-Bissau, Aguiar Branco sublinhou que “um país vale pelos recursos humanos que tem”.

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Com o golpe de Estado de 12 de abril de 2013, Portugal e a Guiné-Bissau estiveram dois anos de costas voltadas. No ano passado, e depois das eleições naquele país, o Executivo português deu sinais de maior aproximação. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, prometia, no final do ano passado, “reforçar” a cooperação, dada a “normalidade política-constitucional” naquele país africano. Nessa altura, Lisboa voltou a nomear um embaixador para a Guiné.

O incidente diplomático criado pela viagem de 74 cidadãos sírios ilegais num voo da TAP para Lisboa, em dezembro de 2013, também abalou as relações diplomáticas entre os dois países. Os voos foram suspensos, mas entretanto já foram restabelecidos, tendo sido reforçados os mecanismos de segurança dos passageiros.