De uma lado, Podemos e Ciudadanos. Do outro, PP e PSOE. Este domingo os quatro partidos que reúnem mais intenções de voto para as eleições legislativas em Espanha enfrentam-se pela primeira vez na comunidade autónoma da Andaluzia, onde acontecem as eleições para a junta autonómica. Cerca de 6,5 milhões de eleitores colocarão à prova o novo ciclo eleitoral e começarão a definir o futuro político do país.
A atual presidente da junta autonómica e candidata socialista, Susana Díaz, é a favorita, de acordo com a última sondagem da empresa Sigma Dos para o jornal El Mundo. O PSOE ganharia as eleições com entre 41 e 44 deputados, o que representaria a permanência do partido no governo por 37 anos seguidos, mas não garantiria a maioria absoluta que é de 55 deputados. O PP alcançaria 32 a 36 lugares no Congresso, seguido do Podemos com 16 a 18 deputados. O Ciudadanos aparece como quarta força política com 11 a 12 deputados.
Para conseguir a maioria necessária para governar a junta, o PSOE terá que fazer uma coligação com o Ciudadanos, apesar do discurso crítico do seu líder, Albert Rivera, sobre o governo socialista na Andaluzia. No entanto, a possível coligação tem um precedente: os dois partidos levam oito anos a governar em coligação a Câmara da cidade de Sanlúcar de Barrameda, em Cádiz.
Caso o resultado da sondagem seja confirmado, o Partido Popular seria o maior perdedor. Em 2012, os populares conseguiram eleger 50 deputados e perderiam até 36 representantes nestas eleições – o pior resultado dos últimos 20 anos.
E o Podemos? O partido de Pablo Iglesias seria a terceira força da região com 15,2% dos votos. No entanto, mesmo que fizesse um acordo com o PP, não alcançaria o número de deputados suficientes para impedir um eventual governo de Susana Díaz apoiado pelo Ciudadanos. Além disso, de acordo com a comparação feita a partir da última sondagem do instituto realizada em janeiro, o partido alcançou o seu número máximo de votantes, uma vez que tinha conseguido 15,6%, menos meio ponto percentual em relação a março.
Num cenário dividido, o jornal El País fala sobre o fenómeno do “voto do vértigo”: os eleitores desiludidos com os partidos tradicionais (PP e PSOE) pensam em votar nos partidos emergentes (Podemos e Ciudadanos), mas ao pé da urna de votação arrependem-se pela incerteza suscitada pelos últimos e voltam a confiar o seu voto no partido tradicional. A publicação destaca ainda que o resultado das eleições na Andaluzia pode não ter um efeito imediato nas eleições legislativas, que serão em novembro, mas podem garantir a estabilidade política do partido vencedor.