Os fabricantes de bebidas refrigerantes são responsáveis por “ajudar a criar uma geração de crianças obesas”, acusa a Associação de Governos Locais da Inglaterra e País de Gales (LGA). Os líderes desta associação apelam, por isso, à redução da quantidade de açúcar em refrigerantes por parte da indústria de bebidas, avança o jornal inglês The Guardian.

A Associação de Governos Locais da Inglaterra e País de Gales (LGA), que representa mais de 370 concelhos dos dois países, afirma que os consumidores estão, sem se aperceberem, a comprar produtos carregados de calorias.

Segundo um estudo conduzido pela associação, muitos dos sumos de fruta vendidos em supermercados contêm mais açúcar que a bebida Coca-Cola e os refrigerantes com gás podem conter até duas vezes mais o limite da dose diária de açúcar recomendada.

A presidente do conselho de bem-estar da LGA, Izzi Seccombe, afirmou ao The Guardian a que tais níveis de açúcar em refrigerantes são “inaceitáveis” e que “produtos como estes estão a promover a crise da obesidade e a ajudar a criar uma geração de crianças obesas”.

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“Algumas empresas estão a dispostas a reduzir os níveis de açúcar, mas outras estão simplesmente a arrastar o problema”, adverte Seccombe, salientando a necessidade de agir de forma mais rápida e eficiente. A Britvic, uma empresa que fabrica bebidas no Reino Unido, comprometeu-se a reduzir a média de calorias por cada dose de produto, em cerca de 20%, num prazo de cinco anos. Neste contexto, a LGA apelou a que mais empresas fabricantes de refrigerantes definissem metas para a redução de açúcar nas suas bebidas.

Os líderes dos governos locais da Inglaterra e País de Gales afirmaram que o consumo de cafeína e bebidas energéticas por parte dos alunos nas escolas está a afetar negativamente o seu comportamento. Esta afirmação foi fundamentada por um inquérito conduzido pelo sindicato de professores NASUWT e em que 13% dos professores inquiridos respondeu que o consumo de bebidas energéticas tais como a Red Bull contribuía para o mau comportamento dos seus alunos.

“Os pais e os jovens devem estar cientes do que essas bebidas contêm e o seu potencial impacto sobre o comportamento”, diz Chris Keates, o secretário-geral do sindicato dos professores.

Tam Fry, o porta-voz do Fórum Nacional para a Obesidade no Reino Unido, considera que a indústria não está a agir de forna suficientemente rápida. Apesar de vários produtores se disponibilizarem a clarificar nos rótulos dos seus produtos quais os ingredientes que são utilizados no fabrico das bebidas, o sistema de rotulagem “é uma confusão”.

Fry alerta que as bebidas energéticas são as mais perigosas. Isto porque apesar de conterem níveis “elevadíssimos” de açúcar, “as crianças bebem-nas como se fossem água”, escreve o The Guardian. O porta-voz acrescenta também que o governo deveria introduzir um limite para os níveis de açúcar em alguns produtos alimentares.

“Investir na prevenção da obesidade é a chave”, alega a presidente do conselho de bem-estar da LGA.