O Theatro Circo começou a ganhar forma na mente de um grupo de bracarenses por volta de 1906, ainda teatro se escrevia com h, de acordo com a “orthographia” da altura. A ideia cresceu e a sala de espetáculos abriu as portas a 21 de abril de 1915, na Avenida da Liberdade, em Braga, com cinco dias de comemorações. Para celebrar um século de portas abertas, a partir desta terça-feira há seis dias de festa.
A República não tinha ainda cinco anos de idade em Portugal. Os governos sucediam-se uns aos outros. Na Europa, a I Guerra Mundial ceifava vidas, portuguesas incluídas. Mas, entre 21 e 25 de abril de 1915, houve motivos para celebrar em Braga. Arraste o rato para a direita e para a esquerda para comparar o passado e o presente:
É que, até ali, a cidade minhota dispunha apenas de uma pequena sala para ver cinema e artes cénicas, onde as maiores companhias portuguesas não atuavam. Para o momento inaugural foi convidada a companhia do “Éden Teatro de Lisboa”, que, sob a direção de José Galhardo, apresentou a peça “A Rainha das Rosas”, com Palmira Bastos no papel principal. 100 anos depois, o Theatro Circo mantém-se como uma das principais salas de espetáculos da região Norte, com programação tão frequente quanto relevante.
Nos anos 20, o edifício foi sujeito às primeiras obras de ampliação da sala de espectáculos e de construção de novas dependências, designadamente do Salão Nobre. A história, que pode ser lida na página do Theatro Circo, recorda ainda que as obras foram executadas em parceria com a “Sociedade do Teatro Sá da Bandeira” e que foram acrescentadas 24 frisas e um balcão, pelo que foi necessário rebaixar o palco e a plateia. O século XXI começou com obras de recuperação no edifício, em que a Câmara Municipal de Braga e o Ministério da Cultura contaram com uma ajuda impossível no início do século XX – uma coisa chamada fundos comunitários.
A programação da semana de arranque do centenário do Theatro Circo, sob o lema “O Século do Theatro”, e a cargo de Paulo Brandão, começa com dose dupla de Rodrigo Leão, cujos concertos acontecem esta terça e quarta-feira, às 22h00, na sala principal. Na sexta-feira atuam os bracarenses At Freddy’s House e, depois, Cati Freitas. No sábado, Dia da Liberdade, há música dos Diabo na Cruz e dos Operativo Sem Calorias. Mais tarde, o GNRation marca presença com DJ Firmeza e DJ Lilocox, com entrada livre.
Mas nem só de música se faz a programação. A exposição “O Século do Theatro“, cinema, poesia, um workshop de clown, espetáculos para crianças e famílias, visitas guiadas encenadas pelo edifício e até cortes de cabelo. Sim, isso mesmo. Na sexta-feira, 24 de abril, a Sala de Fumo do Theatro vai ser transformada numa “barbearia vintage”, onde Pedro Remy vai estar a fazer “O Corte do século“, a representar a arte de cortar cabelos. Quem quiser umas tesouradas não paga.