O “não” já estava garantido à partida, apesar de não ser oficial, mas mesmo assim Henrique Neto quis encontrar-se com o presidente do PS, Carlos César, para lhe explicar as razões da candidatura. À saída até disse que estava com “um sorriso” quando lhe perguntaram se o PS não o apoia por causa das críticas a José Sócrates e lembrou que o sistema político precisa de ser reformado uma vez que há no país muitos políticos que estão em detidos ou presos preventivamente.
À saída, Henrique Neto disse que foi “bem recebido” e garante que na conversa com Carlos César falou do futuro do país, nomeadamente se “vamos ter acordos entre os partidos que é uma coisa que nos preocupa”. Mas além disso, garantiu, o ponto principal da conversa baseou-se na reforma do sistema político, até porque, disse, “não é normal que um país tão pequeno tenha detidos, seja já condenados, seja à espera de decisões dos tribunais, um primeiro-ministro, ministros, secretários de Estado, um líder de bancada parlamentar, diretores gerais. Nenhum país europeu tem tantos políticos a contas com a justiça como em Portugal”, disse.
Quanto ao futuro, Henrique Neto não tem ilusões num futuro apoio dos socialistas, muito menos estando sentado em frente à Carlos César, um defensor do apoio do PS a uma candidatura do antigo reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa. Disse por isso que foi clarificar com o presidente do PS que esta é uma candidatura independente e que deve ser perguntado aos dirigentes do partido se não o apoiam por causa das críticas que fez a José Sócrates no passado. Quando foi questionado sobre se foram essas palavras duras para com o anterior Governo que criaram o seu distanciamento em relação ao PS, Neto diz que até está “a sorrir um pouco”, mas “aparentemente ainda não escolheram o candidato presidencial”.
Ironia à parte, Neto revelou que se bateu como pôde durante seis anos contra o Executivo de José Sócrates porque “o governo que estava em funções cometia erros graves, tomava decisões autoritárias que favoreciam grupos económicos – era disso que se tratava – e que havia demasiados socialistas que não reagiam a isso”.