O deputado do PS Nuno Sá escusou-se a dar os parabéns ao Governo pela baixa no desemprego, afirmando que só pode felicitar o executivo quem tenha uma “agenda ideológica de empobrecimento para Portugal”.
No debate parlamentar de urgência solicitado pelos socialistas sobre “situação laboral, emprego e desemprego”, o ministro da Solidariedade, Trabalho e da Segurança Social, Mota Soares, questionou a bancada “rosa” sobre como pretende compensar o decréscimo na Taxa Social Única (TSU) de trabalhadores e empresas, previsto no seu cenário macroeconómico, que equivaleria a “14 mil milhões de euros”.
“O primeiro-ministro põe-se em bicos de pés por uma variação curta e decimal da imensidão do desemprego e o PSD acha que merece os parabéns pelo que fizeram?”, questionou o parlamentar do PS, com a intuição de se tratar de “total alheamento da realidade” e admitindo que só “poderão ter os parabéns daqueles que sempre quiseram uma agenda ideológica de empobrecimento para Portugal”.
O deputado do PSD Adão Silva tinha pedido na quarta-feira, dia 29 de abril, ao PS para dar os parabéns ao executivo, portugueses e empresas pela redução do desemprego divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística.
Para Nuno Sá, “nunca os portugueses estiveram tão pobres em democracia e a responsabilidade política tem marca – PSD e CDS – e rostos – Passos Coelho e Paulo Portas”.
O deputado socialista deu mesmo o exemplo da filha do ‘herói de Abril’, Salgueiro Maia, que se disse forçada a emigrar devido às políticas do atual Governo, mas foi depois contrariado pelo social-democrata Adão Silva, que referiu que a data da partida para o estrangeiro daquela cidadão verificou-se ainda durante a governação do PS.
Referindo-se à hipótese colocada pelos socialistas de baixar a TSU em oito pontos percentuais (empregadores e empregados), o ministro Mota Soares alertou que “não se pode utilizar a verba do sistema previdencial para fazer promessas políticas”, dizendo que “a Segurança Social perderia 14 mil milhões de euros”.
“Este governo tem zelado pela sustentabilidade do sistema, que corresponde a 4.500 milhões de euros do Orçamento do Estado”, afirmou.
O responsável democrata-cristão pela tutela perguntou: “Como iriam ser pagas as pensões, os subsídios de desemprego ou de doença?”, disse, alertando que o sistema de proteção social estaria em risco.
O tribuno socialista lembrou que sexta-feira, dia 1 de maio, se comemora o Dia Internacional do Trabalhador e que “os números, mas, sobretudo, a vida concreta das pessoas” indicam que “o mundo laboral em Portugal tem sido constantemente fustigado pelas opções políticas do PSD e do CDS-PP.
“Neste 1.º de Maio, a situação é muito pior por causa da governação de Passos Coelho e Paulo Portas”, disse Nuno Sá, referindo uma “taxa de desemprego real nos 21%, mais de um milhão de desempregados” e um Governo que, “no final do seu ciclo político, sempre apoiado por PSD e CDS, falhou com 340.000 empregos que tinha garantido aos portugueses, “41% dos quais, em 2014, não ganharam sequer o correspondente à média anual do salário mínimo nacional”.